Bruxelas apresenta fundo de recuperação da UE com nova batalha política à vista
Covid-19
26 de mai. de 2020, 18:22
— Lusa/AO Online
Mais
de um mês após os chefes de Estado e de Governo da UE terem encarregado
o executivo comunitário de apresentar com caráter de urgência uma
proposta de fundo de recuperação associada a uma proposta revista do
Quadro Financeiro Plurianual da União para 2021-2027, a presidente da
Comissão, Ursula von de Leyen, apresenta ao início da tarde no
Parlamento Europeu o plano que servirá de base às discussões que se
seguirão a nível do Conselho Europeu.Além
da proposta de um fundo de recuperação, Von der Leyen apresentará, numa
sessão extraordinária do Parlamento, ao início da tarde em Bruxelas, uma
nova proposta do quadro orçamental da União até 2027, à luz da nova
realidade causada pela crise da Covid-19, dois anos depois da proposta
original colocada em cima da mesa pela anterior Comissão Europeia,
liderada por Jean-Claude Juncker. Desde
maio de 2018, as negociações entre os 27 não chegaram a bom porto, tendo
antes sido motivo de tormenta no Conselho, com a última tentativa, em
fevereiro passado, a evidenciar as grandes diferenças entre os chamados
‘frugais’ – Holanda, Áustria, Suécia e Dinamarca – e os ‘amigos da
coesão’, entre os quais Portugal.Atendendo
às posições já avançadas pelos Estados-membros sobre o fundo de
recuperação, é fácil de adivinhar novo ‘choque’ quando as discussões
arrancarem em torno da proposta que a «Comissão Von der Leyen» vai
colocar quarta-feira sobre a mesa.À
recente proposta franco-alemã de um fundo de recuperação de 500 mil
milhões de euros, financiado por emissão de dívida pela Comissão
Europeia e distribuído a fundo perdido através de subvenções, aos países
e setores mais afetados pela crise – o que o primeiro-ministro, António
Costa, considerou um bom ponto de partida -, o quarteto de ‘frugais’
respondeu no passado fim de semana com uma contraproposta bem menos
generosa.Mantendo-se fiéis ao seu estilo
de não quererem pagar despesas dos países do sul, Holanda, Áustria,
Suécia e Dinamarca propõem antes uma ajuda de emergência às “economias
europeias menos disciplinadas” pela pandemia de covid-19 através de
empréstimos, e sob o “firme compromisso” de implementarem reformas de
longo alcance.Na quarta-feira
conhecer-se-á então a proposta da Comissão, que, segundo uma
'inconfidência' do seu antigo diretor-geral, será de um fundo na ordem
dos 500 mil milhões de euros, atribuídos sobretudo – 60% a 70% - através
de subvenções.Hoje, a Comissão Europeia
rejeitou confirmar os valores e moldes da proposta de fundo de
recuperação ‘antecipados’ por Martin Selmayr, recomendando “seriamente”
que só sejam tidos em conta os “números” que a presidente apresentará na
quarta-feira.Num encontro com jornalistas
em Viena, onde é agora o representante da Comissão Europeia, Selmayr,
antigo “braço direito” do ex-presidente do executivo comunitário
Jean-Claude Juncker, revelou que a Comissão vai propor na quarta-feira
um fundo de 500 mil milhões de euros, angariados nos mercados através da
emissão de dívida, com as ajudas a serem desembolsadas maioritariamente
(60% ou 70%, indicou) através de subvenções, ou seja, subsídios a fundo
perdido, e o restante (40 ou 30%) por empréstimos.As
ajudas aos países mais afetados pela pandemia de Covid-19 seriam
prestadas através de quatro canais: metade por intermédio do fundo de
recuperação, o restante por novos fundos de coesão, o novo Fundo para
uma Transição Justa e ainda pelo programa “InvestEU”, destinado a
empresas.Citado pela imprensa austríaca,
Selmayr adiantou ainda que a proposta revista do orçamento plurianual da
UE para 2021-2027, que a Comissão também apresentará na mesma ocasião,
interligando-o com o fundo de recuperação, será na ordem do bilião de
euros.As ajudas aos países mais afetados
pela pandemia de covid-19 seriam prestadas através de quatro canais:
metade por intermédio do fundo de recuperação, o restante por novos
fundos de coesão, o novo Fundo para uma Transição Justa e ainda pelo
programa “InvestEU”, destinado a empresas