Bruxelas ainda sem data para revelar proposta de fundo de recuperação
Covid-19
29 de abr. de 2020, 18:28
— Lusa/AO Online
No
final da reunião semanal do executivo comunitário, a vice-presidente
Vera Jourova indicou em conferência de imprensa que o colégio teve uma
discussão “frutuosa” sobre o plano de relançamento da economia europeia
após a crise provocada pela pandemia da covid-19, mas lembrou a
complexidade das discussões, sobretudo face à ligação do fundo a uma
proposta revista do orçamento da UE para 2021-2027. “Precisamos de algum
tempo”, disse.Em 23 de abril, o Conselho
Europeu encarregou a Comissão liderada por Ursula von der Leyen de
apresentar com caráter de urgência propostas sobre o fundo de
recuperação e o quadro financeiro plurianual, tendo vários líderes
apontado a data de 06 de maio, mas o executivo comunitário reiterou hoje
que espera ter propostas para apresentar “entre a segunda e a terceira
semana de maio”.Jourova indicou hoje que o
trabalho está em curso, tanto na revisão de uma proposta de orçamento
como do fundo de recuperação, que classificou como “um instrumento de
emergência para aumentar temporariamente o poder de fogo financeiro do
orçamento”.Uma das formas de o fazer
passará pelo acesso da própria Comissão Europeia aos mercados
financeiros para contrair empréstimos, ainda que sem mutualização de
dívida já existente, e desse modo "canalizar fundos suplementares para
os Estados-membros através do orçamento da UE”, lembrou.Relativamente
à forma como os apoios financeiros serão canalizados para os
Estados-membros – uma das principais questões em aberto -, a
vice-presidente adiantou que hoje “o colégio sublinhou a necessidade de
se encontrar um equilíbrio entre empréstimos, subvenções e garantias
financeiras”.Além disso, e porque, no
melhor cenário, o fundo de recuperação estará operacional em 01 de
janeiro de 2021, com a entrada em vigor do novo orçamento plurianual – e
para tal é necessário um compromisso quase em tempo recorde -, Jourova
disse que a Comissão também está plenamente consciente de que é
necessário prestar apoio aos Estados-membros mais afetados pela covid-10
ainda antes da entrada em vigor dos novos instrumentos.Segundo
a vice-presidente, “todos os [comissários] que intervieram [no debate
de hoje] sublinharam a necessidade de ser prestada ajuda rápida
sobretudo aos Estados-membros que dela mais necessitam”, acrescentando
que deverão ser privilegiados para as medidas urgentes de curto prazo os
instrumentos ainda disponíveis no quadro do atual orçamento, e à luz da
flexibilização das regras já adotadas pela Comissão.“Há
uma vontade muito forte de apresentar muito em breve as novas
propostas. Precisamos de algum tempo para discutir com os
Estados-membros e com o Parlamento Europeu”, declarou.Reunidos
numa cimeira por videoconferência na passada quinta-feira, os líderes
dos 27 aprovaram o pacote de emergência acordado pelos ministros das
Finanças, no montante global de 540 mil milhões de euros.Contudo,
como era previsível, não tomaram decisões sobre o fundo de recuperação,
encarregando o executivo comunitário liderado por Von der Leyen de
trabalhar com caráter de urgência neste dossiê, interligando-o com uma
revisão da proposta de orçamento plurianual da União para 2021-2027, que
será a base desse fundo, que muitos classificam como um novo “Plano
Marshall” para Europa, mas financiado pela UE.Vários
elementos-chave, que não somente “detalhes”, estão ainda em aberto,
designadamente de que modo será financiado esse fundo, a sua
interligação com o orçamento da União para os próximos sete anos, o
montante do fundo, que poderá chegar aos 1,5 biliões de euros, as
modalidades em que o dinheiro será concedido aos Estados-membros, assim
como os critérios para a distribuição dos apoios.