Bruxelas admite ajudas estatais ilegais à SATA mas destaca reembolso de 73 ME ao Estado
7 de jun. de 2022, 16:28
— Lusa/AO Online
“Embora
a Comissão tenha considerado que os três aumentos de capital constituem
auxílios estatais incompatíveis [com as regras comunitárias], a
Comissão não tem motivos para exigir a recuperação dos auxílios, uma vez
que Portugal já os recuperou da SATA, incluindo os juros”, indica fonte
oficial da instituição em resposta escrita enviada à agência Lusa.No
dia em que Bruxelas anunciou o encerramento da investigação sobre
apoios públicos à SATA entre 2017 e 2020, após reembolso ao Estado
português, a fonte oficial explica que, precisamente devido a esta
restituição das verbas, “a Comissão decidiu encerrar a investigação sem
ordenar a recuperação do auxílio”.“A
Comissão verificou que a SATA reembolsou os anteriores aumentos de
capital subscritos pelo Governo Regional na SATA Air Açores desde 2017,
num total de 72,6 milhões de euros, e reembolsou os juros sobre estes
aumentos de capital”, especifica a mesma fonte.A
Comissão Europeia anunciou ter encerrado a investigação aberta em
agosto de 2020 à transportadora açoriana SATA sobre apoios públicos de
Portugal, após a empresa ter reembolsado ao Estado português as verbas
facultadas para aumentos de capital.Em
meados de agosto, a Comissão Europeia decidiu abrir uma investigação
aprofundada para avaliar se certas medidas portuguesas a favor da SATA –
sob a forma de três aumentos de capital – estavam em conformidade com
as regras da União Europeia em matéria de auxílios estatais, já que não
tinham sido notificadas a Bruxelas e isso é obrigatório no caso de
apoios públicos.Em
abril de 2021, o executivo comunitário alargou esta sua investigação
aprofundada para avaliar se as últimas medidas de apoio à reestruturação
a favor da SATA estavam em conformidade com as regras europeias em
matéria de auxílios estatais.Hoje (terça-feira) esta investigação é encerrada, no dia em que Bruxelas anunciou também
ter dado ‘luz verde’ a uma ajuda estatal portuguesa para apoio à
reestruturação da SATA no valor de 453,25 milhões de euros em
empréstimos e garantias estatais, prevendo uma reorganização da
estrutura empresarial.Na
resposta à Lusa, a fonte oficial da Comissão Europeia adianta que o
aval à reestruturação está “sujeito a certos compromissos para limitar
as distorções de concorrência”, exigindo-se “que as autoridades
portuguesas assegurem, por exemplo, que a SATA reorganize a sua
estrutura empresarial, esteja proibida de aquisições e respeite um
limite máximo para a frota”.As
dificuldades financeiras da SATA perduram desde, pelo menos, 2014,
altura em que a companhia aérea detida na totalidade pelo Governo
Regional dos Açores começou a registar prejuízos, agravados pelos
efeitos da pandemia de covid-19, que teve um enorme impacto no setor da
aviação.E
foi devido a tais dificuldades que a Região Autónoma dos Açores aprovou,
desde 2017, três aumentos de capital na companhia aérea, para colmatar
as carências de liquidez.Durante
a investigação de Bruxelas aos apoios públicos, o Estado português
argumentou que estes aumentos de capital não constituem auxílios
estatais ao abrigo das regras europeias, uma vez que o Governo Regional
dos Açores, como único acionista da SATA, atuou como um investidor
privado a operar em condições de mercado.