Bruno de Carvalho questionou quem estava com ele “acontecesse o que acontecesse”
Sporting
2 de dez. de 2019, 17:17
— LUSA/AO Online
A revelação foi feita por Ricardo Gonçalves, à
data dos factos coordenador de segurança e operações da Academia de
Alcochete, na sétima sessão do julgamento da invasão à academia, em 15
de maio de 2018, que decorre no Tribunal de Monsanto, em Lisboa.A
testemunha relatou que o antigo presidente do clube, um dos 44 arguidos
no processo e que hoje marca presença no tribunal, reuniu em 14 de maio
de 2018, na academia de Alcochete, com elementos do ‘staff’ de apoio à
equipa principal do Sporting, após o jogo na Madeira, com o Marítimo,
que a equipa ‘leonina’ perdeu por 2-1, falhando a possibilidade de se
qualificar para a Liga dos Campeões.“[Nessa
reunião] questionou os presentes se estariam com ele, acontecesse o que
acontecesse. A equipa estava a atravessar um mau momento, pois perdemos
com o Marítimo, o que nos impediu de seguir na Liga dos Campeões. Disse
[Bruno de Carvalho] que tínhamos muito trabalho pela frente, um título
ainda para vencer [Taça de Portugal] e, naquela reunião, quis saber quem
estava com ele, acontecesse o que acontecesse. Quem não estivesse, que
saísse”, explicou Ricardo Gonçalves.Já no
final da sessão da manhã, Miguel Fonseca, advogado de Bruno de Carvalho,
pediu ao coletivo de juízes a nulidade desta parte do depoimento de
Ricardo Gonçalves, sustentado tratar-se de “conversas privadas”, que não
têm interesse para o processo. O coletivo de juízes terá agora de
decidir sobre este requerimento.À saída do Tribunal de Monsanto, Bruno de Carvalho não prestou declarações aos jornalistas.Ricardo
Gonçalves relatou ainda uma outra reunião, ocorrida em 07 de abril de
2018, só com o plantel, dois dias após uma derrota com o Atlético de
Madrid, e o ‘post’ publicado na rede social Facebook pelo antigo
presidente do clube, a criticar os jogadores.A
testemunha explicou que os elementos do ‘staff’ não participaram nessa
reunião, ficando do lado de fora do auditório, mas que foi possível
ouvir “discussão, pois os ânimos exaltaram-se e as vozes aumentaram”.Ricardo
Gonçalves disse ter ouvido Bruno de Carvalho a chamar o guarda-redes
Rui Patrício de “ingrato, armado em diva, vedeta e mimado”. A testemunha
afirmou que ouviu igualmente o jogador William Carvalho a acusar Bruno
de Carvalho de ter telefonado a Nuno Mendes ‘Mustafá’, líder da claque
Juventude Leonina, para “ameaçar e agredir os jogadores”, ao que o
antigo presidente do Sporting respondeu que “não fez nada disso” e que
ia telefonar a ‘Mustafá’.“Estava a ficar
constrangido ao ouvir tudo aquilo e afastei-me”, referiu o antigo
coordenador de segurança e operações da academia de Alcochete, que
continua a ser inquirido da parte da tarde.Após
estas declarações, Bruno de Carvalho levantou-se da cadeira e bateu na
porta de vidro que separa a sala dos arguidos da dos juízes e dos
advogados, no sentido de chamar o seu advogado Miguel Fonseca, que viria
a falar com o arguido alguns minutos depois.