O
processo pertence ao Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Barreiro,
mas, por razões de logística e de instalações, a instrução, fase
facultativa em que um juiz de instrução criminal decide se o processo
segue e em que moldes para julgamento, vai decorrer na nova sala do
Campus da Justiça, no Parque das Nações, em Lisboa.O
início da fase instrutória está previsto para 13 de maio, sessão na
qual alguns dos outros arguidos vão prestar declarações, e acontece
depois de um primeiro adiamento devido a dois pedidos de afastamento do
juiz de instrução criminal Carlos Delca, apresentados pela defesa de
dois dos arguidos, mas que foram indeferidos pelo Tribunal da Relação de
Lisboa.A fase de instrução foi requerida
por mais de uma dezena dos 44 arguidos no processo, entre os quais o
ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho e o antigo oficial de
ligação aos adeptos do clube Bruno Jacinto.Bruno
de Carvalho vai ser ouvido a partir das 14:00 de 14 de maio, na véspera
de completar um ano após o ataque à academia do Sporting, em Alcochete,
distrito de Setúbal, que ocorreu a 15 de maio de 2018.Em
janeiro deste ano, o TIC do Barreiro declarou a especial complexidade
do processo da invasão à Academia do Sporting, pedida pelo Ministério
Público, o que, consequentemente, dilatou o prazo de prisão preventiva
dos arguidos que se encontram presos.Esta
decisão teve como consequência direta o alargamento do prazo (até 21 de
setembro deste ano) para que o TIC do Barreiro profira a decisão
instrutória (se o processo segue para julgamento), sem que 23 dos
arguidos sejam colocados em liberdade.Os
primeiros 23 detidos pela invasão à academia e consequentes agressões a
técnicos, futebolistas e outros elementos da equipa 'leonina', ocorrida
em 15 de maio do ano passado, ficaram todos sujeitos à medida de coação
de prisão preventiva em 21 de maio.Em 15
de novembro, exatamente seis meses após o ataque à academia, a
procuradora Cândida Vilar (que será a procuradora do Ministério Público
na fase de instrução), do Departamento de Investigação e Ação Penal
(DIAP) de Lisboa, deduziu acusação contra 44 arguidos, incluindo o
ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho e 'Mustafá', líder da claque
Juventude Leonina.Dos 44 arguidos do
processo, 38 mantêm-se sujeitos à medida de coação mais gravosa: a
prisão preventiva. Os restantes seis arguidos estão em liberdade,
incluindo Bruno de Carvalho e o líder da claque ‘Juve Leo’, que estão
ambos obrigados a apresentações diárias às autoridades.O
antigo oficial de ligação aos adeptos do clube Bruno Jacinto está entre
os arguidos presos preventivamente, sendo acusado da autoria moral do
ataque, tal como Bruno de Carvalho e 'Mustafá'.Aos
arguidos que participaram diretamente no ataque, o MP imputa-lhes a
coautoria de crimes de terrorismo, 40 crimes de ameaça agravada, 38
crimes de sequestro, dois crimes de dano com violência, um crime de
detenção de arma proibida agravado e um de introdução em lugar vedado ao
público.Bruno de Carvalho, 'Mustafá' e
Bruno Jacinto estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de
ameaça agravada, 19 de ofensa à integridade física qualificada, 38 de
sequestro, um de detenção de arma proibida e crimes que são
classificados como terrorismo, não quantificados. O líder da claque
Juventude Leonina está também acusado de um crime de tráfico de droga.