Autor: LUSA/AO Online
“No mercado surgem loções ditas bronzeadoras, aceleradoras de
bronzeamento, que dizem ter uma proteção” solar de seis, 15 ou 30, “o
que pode iludir as pessoas”, disse à agência Lusa o secretário-geral da
associação, Osvaldo Correia. Segundo o dermatologista, o mercado
das loções bronzeadoras não está regulamentado, ao contrário do que
acontece com os protetores solares, devendo por isso ser evitadas,
porque podem ser “prejudiciais para a saúde” ao conferirem uma falsa
proteção. Perante este risco, o dermatologista deixou um alerta
dirigido especialmente aos jovens: "não se iludam com os bronzeadores na
questão da cor e, sobretudo, na questão de uma falsa proteção”. Apesar
de não haver dados oficiais, Osvaldo Correia disse que “é crescente” o
número de “queimaduras surpresa que as pessoas estão a ter”, mesmo
utilizando protetores solares que dizem ter um índice elevado. “Quem
faz vivência clínica de dermatologia” tem a “perceção clara” de que as
pessoas ficam surpreendidas por utilizarem protetores com um índice 30
ou 50 e ficarem com “pigmentações inestéticas”, alergia ao sol ou
“vermelhidão seguida de escamação”. Estas loções também “criam o
mito de que o moreno é saudável”, mas “uma pele bronzeada em excesso é
uma pele envelhecida e ninguém gosta que se diga que tem uma pele velha
numa época em que o que se quer é rejuvenescer e não envelhecer”. Mas também há cuidados a ter na escolha dos protetores solares e na forma como são aplicados. “Hoje
temos, nos próprios protetores solares, formas fluídas, transparentes,
invisíveis, espumas que, na forma e na quantidade como as pessoas
habitualmente as colocam, não dão a proteção que as pessoas julgam que
dão (30 ou 50)”, sublinhou. Para conferirem “uma camada
suficiente”, que se aproxime do que foi testado em laboratório, a sua
aplicação deve ser feita várias vezes no mesmo local. “Na prática,
teríamos que aplicar quase uma embalagem de 50ml para uma parte
significativa do corpo, o que não se faz”, elucidou. Quando estas formas fluídas são associadas aos “aceleradores de bronzeamento” o risco aumenta. Nas pessoas de pele relativamente morena, um índice de proteção baixo
“é suficiente para não ficarem vermelhas, mas estão expostas aos raios
ultravioleta A”, que também agridem a pele. Portanto, a população
deve estar atenta à qualidade, quantidade e apresentação do protetor,
que “não deve ser utilizado para prolongar o tempo de exposição nos dias
de ultravioletas especialmente elevados, como tem acontecido nas
últimas semanas e, até diria, nos últimos meses, em Portugal”. Segundo
o médico, “é crescente” o número de pessoas com cancro de pele em
idades jovens, a começar nos 20, 30 anos, resultado de exposições
prolongadas ao sol. “Temos de pensar que a agressão de hoje pode
ter como consequência negativa o amanhã, e o amanhã pode não ser quando
somos idosos”, salientou, lembrando que "a regra mais importante é
sombra aumentada, hora apropriada". Estima-se que surjam este ano mais 12.000 novos casos de cancro de pele, 1.000 dos quais casos de melanoma, o tipo mais grave. Osvaldo Correia observou que que a população está "mais bem informada",
mesmo os próprios jovens, "a prática é que nem sempre condiz com o
conhecimento". “Saber conviver com o sol, é um ato de bom senso”,
disse, lembrando que os dermatologistas são “a favor da exposição ao
sol”, mas no final ou no início do dia.