Britânicos com residências secundárias em Portugal interessados nos vistos ‘gold'
Brexit
25 de mar. de 2022, 18:13
— Lusa/AO Online
"Algumas
pessoas costumavam passar quatro meses seguidos nas suas casas e de
repente perceberam que já não podem. (...) Muitos britânicos que nunca
tinham pensado nisso estão a olhar para a opção do visto ‘gold' para
terem acesso sem restrições a Portugal”, disse à agência Lusa.Desde
a entrada em vigor do ‘Brexit’, a 01 de janeiro de 2021, os cidadãos
britânicos deixaram de ter liberdade de circulação e só podem passar 90
dias no espaço europeu num período de 180 dias. A
Autorização de Residência para Investimento (ARI), conhecido por visto
‘gold’, permite aos estrangeiros titulares e familiares a permanência
por tempo indeterminado em Portugal e a mobilidade ilimitada nos 26
países da União Europeia membros da zona Schengen. Segundo
Hippisley, estima-se que 60 mil bens imóveis em Portugal sejam detidos
por britânicos, e muitos terão sido afetados por estas novas regras pois
não tem planos imediatos para deixar o Reino Unido por razões pessoais
ou profissionais. “Aquelas pessoas que não
querem mudar-se permanentemente estão numa situação incerta e estão a
olhar para a opção de visto ‘gold’, seja comprando um bem imóvel ou
investindo num fundo de investimento compatível”, afirmou. Desde
01 de janeiro que o investimento imobiliário para efeitos de visto
‘gold’ está mais restrito nas zonas nobres, como o litoral e áreas
metropolitanas de Lisboa e Porto, onde só são permitidas aquisições de
propriedades de cariz comercial ou turísticas. O
novo regime passa a permitir apenas autorizações de residência em
Portugal a quem investir no mínimo 350.000 euros em imóveis para
habitação localizados nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira ou
nas regiões do interior.Existem ainda
outras opções para obter o ARI, como a criação de negócios ou o
investimento em investigação científica ou atividades culturais. Christina
Hippisley disse que os britânicos estão atentos a estas oportunidades,
em especial a casas rurais no interior do país, porque são mais baratas e
enquadram-se no programa dos vistos ‘gold’. "É
muito interessante, os britânicos estão a olhar muito para além do
Algarve e de Lisboa agora. Procuram Castelo Branco, Évora, em redor do
Rio Zêzere, norte de Coimbra, porque se diz que é muito barato”, revela.Um
fenómeno recente é o aparecimento empresas portuguesas especializadas
na reabilitação destes imóveis direcionados para investidores
estrangeiros, o que, admite, corre o risco de "distorcer o mercado
novamente” e fazer disparar os preços do imobiliário em certas zonas do
país, tal como aconteceu no Algarve, Lisboa e Porto nos últimos anos. A
Câmara de Comércio Portuguesa no Reino Unido retoma na próxima
quinta-feira em Londres os seminários presenciais sobre como estabelecer
residência em Portugal, um formato com sucesso nos últimos anos e que,
com 500 inscrições, está perto da lotação completa. O
evento, ininterrupto das 11:00 às 21:00, vai ter mais de 20
expositores, incluindo agentes e promotores imobiliários, consultores
fiscais e financeiros, especialistas em vistos, advogados e gestores de
fundos de investimento, além de apresentações e debates ao vivo. O
número de residentes britânicos em Portugal quase duplicou em quatro
anos, de 22.431 registados em 2017 para 42.071 em 2021, de acordo com os
números do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).