Brasil paga dívidas a organismos internacionais antes de trocar o Governo
27 de dez. de 2022, 13:03
— Lusa/AO Online
O
pagamento foi anunciado nesta segunda-feira pelo Ministério das
Relações Exteriores do país sul-americano num comunicado no qual o órgão
agradece ao Ministério da Economia a libertação de 4,6 mil milhões de
reais (cerca de 831 milhões de euros) para saldar seus compromissos com
organismos multilaterais e bancos internacionais de fomento."O
Governo brasileiro não poupou esforços para resolver a irregularidade
crónica de pagamentos e a dívida acumulada de períodos anteriores",
afirmou o Ministério das Relações Exteriores brasileiro.Apesar
de a nota atribuir a dívida a gestões anteriores, a maior parte dos
atrasos corresponde aos últimos quatro anos, ou seja, ocorreu no Governo
liderado por Bolsonaro, um duro crítico de organismos internacionais
como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Internacional
da Saúde (OMS).Segundo o Governo
brasileiro, os recursos liberados permitem pagar quase a totalidade da
dívida e fortalecer a posição do país no sistema multilateral e na
comunidade internacional.Um relatório
apresentado na semana passada pela equipa de transição do Governo do
Presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, indicou que a
dívida do país com organismos internacionais era de cerca de 5,5 mil
milhões de reais (993 milhões de euros).Colaboradores
de Lula da Silva, que assumirá seu terceiro mandato como chefe de
Estado do Brasil em 01 de janeiro de 2023, alertaram que o atraso no
pagamento poderia deixar o país sem voto em órgãos como o Conselho de
Segurança da ONU, no qual ele ocupa atualmente uma cadeira rotativa.De
acordo com o relatório final da equipa de transição do futuro Governo
brasileiro, o alto endividamento "representa um grave prejuízo para a
imagem do país e sua capacidade de atuação, além de comprometer
significativamente sua política externa.”"O
Brasil pode ser excluído de alguns órgãos. É uma dívida alta para a
qual não há recursos previstos no orçamento de 2023", afirmou à época o
coordenador dos trabalhos da equipa de transição e ex-senador Aloizio
Mercadante.Uma das maiores dívidas, de
cerca de 300 milhões de dólares (282 milhões de euros) até setembro, era
com a Organização das Nações Unidas (ONU) cujo estatuto prevê a perda
do direito de voto em suas organizações para países com pagamento de
contribuições atrasados há mais de dois anos.