Brasil, Índia, China e África do Sul criticam exigências dos países mais ricos
COP27
16 de nov. de 2022, 17:08
— Lusa/AO Online
Numa declaração
conjunta feita à margem da cimeira sobre o clima no Egito, a COP27, os
quatro países asseguraram que estão muito preocupados com o facto de as
nações mais desenvolvidas ainda não terem mostrado liderança ao desafio
climático com um esforço progressivo.No
seu entender, está a existir um revés nos seus compromissos e promessas
de financiamento e mitigação (redução de emissões), tendo-se verificado
um aumento significativo do consumo e produção de combustíveis fósseis
durante o último ano, tudo isso enquanto continuam a pressionar os
países em desenvolvimento a abandonarem esses recursos."Tais
duplos padrões são incompatíveis com a equidade e a justiça climática",
afirmam em declaração conjunta, na qual oferecem o seu apoio à
Presidência egípcia da COP27 para tornar a cimeira um sucesso e alcançar
resultados ambiciosos, equitativos e equilibrados.Além
disso, irão trabalhar para que o acordo final inclua progressos
substanciais no sentido da criação de um mecanismo de financiamento para
compensar os países pobres pelos prejuízos causados no seu território
pelas alterações climáticas.Esperam também
que seja possível alcançar uma nova meta de financiamento climático
(atualmente o objetivo é que o Fundo Verde para o Clima seja dotado de
100.000 milhões de dólares – o equivalente em euros - por ano até 2023) e
que seja acordado um novo objetivo global de adaptação e que o Programa
de Trabalho de Mitigação, em conformidade com o Acordo de Paris, seja
concluído.Acima de tudo, a COP27 deverá
promover a equidade e a justiça, reconhecendo a igualdade fundamental de
todas as pessoas e o seu direito inalienável de prosseguir o
crescimento económico e o desenvolvimento sustentável, acrescenta a
declaração.No documento, defendem que
apesar da recessão económica e dos seus esforços para erradicar a
pobreza, os quatros países dizem continuar a liderar ações contra as
alterações climáticas.Neste contexto,
sublinharam a necessidade urgente de transformar e modernizar a
arquitetura financeira global, incluindo a reforma dos bancos de
desenvolvimento, de forma a adequarem-se ao seu dever de apoiar o
desenvolvimento sustentável e as transições energéticas justas e
equitativas.No que diz respeito aos
mercados de carbono, pediram aos setores público e privado que
promovessem essa parte dos rendimentos que geram para o Fundo de
Adaptação.Além disso, alertam que medidas
unilaterais e práticas discriminatórias, como os mecanismos de
ajustamento das fronteiras aos produtos fiscais poderiam conduzir a
distorções do mercado e agravar o défice de confiança entre as partes.