Bombeiros defendem alterações ao financiamento das associações
27 de jul. de 2024, 19:35
— Lusa
“O que eu defendo é uma
musculação e um reforço do financiamento das associações, que nos
permita dar resposta a várias questões”, disse hoje o presidente da
FBRAA, José Braia Ferreira, no final de um encontro com o presidente do
SNBP.Por sua vez o sindicalista Sérgio
Carvalho referiu que o financiamento dos corpos de bombeiros do
arquipélago tem sido todos os anos deficitário e “tem que ser revisto”.Na
reunião, realizada hoje nos Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada, na
ilha de São Miguel, o presidente do SNBP e a direção da FBRAA debateram
as propostas para a revisão da tabela salarial dos “soldados da paz”.O
presidente da Federação, José Braia Ferreira, defendeu “uma musculação e
um reforço do financiamento das associações”, que permita dar resposta a
várias questões, a começar pelo aumento dos salários dos bombeiros,
“que é justo, é digno e é dignificador da sua própria carreira”.Também
sugeriu, a criação, a nível nacional, “de uma carreira digna para
aquilo que hoje se define como bombeiros profissionais” e “que se dê às
associações a garantia do financiamento e da prestação de serviços”.“Não
podemos esperar que o Estado queira que as associações se comportem
normalmente, se é o primeiro a não pagar. Nós temos neste momento 1,5
milhões [de euros] de dívida do Estado às associações dos Açores”,
denunciou.E questionou: “Como é que é
possível pedirem a 17 associações humanitárias, que se regem por um
regime privado, que financie o Estado?” José Braia Ferreira também declarou que a Federação não se opõe a aumentos salariais para 2024, “como nunca se opôs”.“Para
nós, os bombeiros açorianos deviam estar a receber muito mais do que
aquilo que recebem, mas a questão principal são as fontes de
financiamento. As associações humanitárias dos Açores não têm uma
receita única que vem de um orçamento único do Estado ou da Região,
concretamente, ou das autarquias”, justificou.Lembrou
que os bombeiros obtêm receitas de várias atividades, como
pré-emergência (financiada pelo Governo Regional), presença nos
aeroportos (ANA e SATA), transportes não urgentes (unidades de saúde) e
serviços à comunidade.Para ultrapassar as
dificuldades de financiamento, o presidente da Federação sugere que
sejam tidos em conta exemplos estrangeiros (Canadá, Estados Unidos,
Bélgica e França) e o caso da Região Autónoma da Madeira.Sobre
a profissionalização dos bombeiros, disse que não pode acontecer como é
proposta, ou seja, “apenas sobre a responsabilidade das associações,
porque se o problema de base é o financiamento, a profissionalização só
vem agudizar mais essa questão e não resolvê-la”.O
presidente do SNBP, Sérgio Carvalho, declarou que “a profissionalização
é o ovo de Colombo, já está inventada” e observou que “já no ano
passado, o financiamento às associações foi deficitário”.E
prosseguiu: “E todos os anos é. E, depois, quem sente na pele são os
bombeiros. (…) E estamos fartos, também, que nos digam que temos razão,
que o financiamento tem que ser revisto”.“É
verdade que é preciso mais e melhores equipamentos. É verdade que é
preciso mais e melhor formação, não só aqui, mas em todo o país. E para
os bombeiros estarem motivados também é preciso mais e melhores
vencimentos para dar garantias futuras para eles e para as suas
famílias”, defendeu.O dirigente resumiu
que o sindicato e a Federação açoriana pretendem “dar boas condições”
aos bombeiros, mas lembrou que este ano “não houve aumentos salariais”:
“Nós não podemos ser o ‘patinho feio’ de todo o sistema de socorro e
proteção civil, quer da região quer do país”.Caso não haja aumentos salariais, admitiu a realização de ações de luta a definir.