Bolsonaro nega ter chamado vírus de "gripezinha" após tê-lo feito em duas ocasiões
Covid-19
27 de nov. de 2020, 12:22
— Lusa/AO Online
"Falei lá atrás
que, no meu caso, pelo meu passado de atleta — eu não generalizei — se
pegasse a covid-19, não sentiria quase nada. Foi o que eu falei. Então, o
pessoal da media falou que eu chamei de 'gripezinha' a questão da
covid. Não existe um vídeo ou um áudio meu falando dessa forma. E eu
falei pelo meu estado atlético, porque eu sempre cuidei do meu corpo.
Sempre gostei de praticar desporto", disse Jair Bolsonaro, na sua
transmissão semanal na rede social Facebook.Contudo,
em pelo menos duas ocasiões, o chefe de Estado brasileiro, um dos mais
céticos em todo o mundo em relação à gravidade da pandemia, referiu-se
publicamente à doença causada pelo novo coronavírus como uma
“gripezinha".A primeira vez ocorreu a 20
de março deste ano quando, ao conceder uma entrevista no Palácio do
Planalto, em Brasília, Bolsonaro afirmou que, depois da facada que
sofreu em 2018, durante a sua campanha eleitoral, não seria uma
"gripezinha" que o iria derrubar, após comentar a realização de dois
testes para deteção da Covid-19. "Depois
da facada, não vai ser uma gripezinha que me vai derrubar não, está ok?
Se o médico ou o ministro da Saúde me recomendar um novo exame, eu
farei. Caso contrário, me comportarei como qualquer um de vocês aqui
presentes", declarou Bolsonaro, depois de ter se submetido a dois testes
à Covid-19, que resultaram negativo.Quatro
dias mais tarde, num pronunciamento em rede nacional de rádio e
televisão, Bolsonaro pediu o regresso "à normalidade no país" e o fim do
"confinamento em massa", quando a pandemia ainda estava nos seus meses
iniciais, acusando ainda a imprensa de espalhar o "pavor" na população.O
chefe de Estado declarou, naquele seu pronunciamento à nação, que se
contraísse o novo coronavírus, seria "acometido de uma "gripezinha ou
resfriadinho”."No meu caso particular,
pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado com o vírus, não
precisaria de me preocupar. Nada sentiria ou seria, quando muito,
acometido de uma gripezinha ou resfriadinho. (...) Enquanto estou
falando, o mundo procura um tratamento para a doença", afirmou o
Presidente do Brasil, na noite de 24 de março.Em ambas as ocasiões, as declarações de Bolsonaro foram registadas em vídeo pela imprensa local.Após
Bolsonaro negar, na quinta-feira, que tenha feito tais referências,
vários internautas foram às redes sociais partilhar os vídeos em que o
Presidente classificou a covid-19 de "gripezinha".Durante
a transmissão ao vivo nesta quinta-feira, acompanhado do ministro da
Educação, Milton Ribeiro, e do secretário de Alfabetização do Ministério
da Educação, Carlos Nadalim, Bolsonaro advogou ainda que um "estudo
sério" será divulgado sobre a efetividade do uso de máscaras durante a
pandemia, frisando que falta "o último tabu a cair"."A
questão da máscara, não vou falar muito porque ainda vai ter um estudo
sério falando da efetividade da máscara — se ela protege 100%, 80%, 90%,
10%, 4% ou 1%. Vai chegar esse estudo. Acho que falta apenas o último
tabu a cair", declarou o mandatário.