Bolsonaro lamenta mortos no país mas diz que não faz milagres
Covid-19
29 de abr. de 2020, 10:41
— Lusa/AO Online
"E daí?
Lamento, mas quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço
milagres", afirmou o chefe de Estado, fazendo um trocadilho com o seu
nome [Jair Messias Bolsonaro], após ser questionado por jornalistas
sobre o facto de o Brasil ter ultrapassado o total de mortos da China,
com um recorde de 474 óbitos nas últimas 24 horas, totalizando agora
5.017 óbitos devido à Covid-19.O chefe de Estado desvalorizou ainda os números de terça-feira, afirmando que "nunca ninguém negou que haveria mortes"."As
mortes de hoje, a princípio, foram de pessoas infetadas há duas
semanas. É o que eu digo para vocês: o vírus vai atingir 70% da
população. Infelizmente é a realidade. Nunca ninguém negou que haveria
mortes", acrescentou o mandatário do Brasil.Em
frente do Palácio da Alvorada, a sua residência oficial em Brasília,
Bolsonaro falou à imprensa e a cerca de uma dezena de apoiantes que o
esperavam, declarando que cabe ao ministro da Saúde explicar os números
relacionados com a covid-19.O Brasil
ultrapassou na terça-feira a barreira dos cinco mil mortos associados ao
novo coronavírus, totalizando 5.017 óbitos e 71.886 casos confirmados
desde o início da pandemia, informou o Ministério da Saúde.Nas
últimas 24 horas, o país sul-americano registou um novo recorde de
mortes, com 474 óbitos e 5.385 novos casos, o segundo maior número de
infetados contabilizado num único dia.De
acordo com o portal Worldometer, que compila quase em tempo real
informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), dos Centros de
Controlo e Prevenção de Doenças, de fontes oficiais dos países, de
publicações científicas e de órgãos de informação, o Brasil já
ultrapassou a China em relação ao número de mortos, com o país asiático a
contabilizar 4.633 óbitos.Segundo o Ministério da Saúde, a taxa de letalidade da doença no país chegou aos 7%.Momento depois, o Presidente do Brasil aproveitou para se solidarizar com as famílias das vítimas."Lamento
a situação que nós atravessamos com o vírus. Solidarizamo-nos com as
famílias que perderam os seus entes queridos. (...) Mas é a vida. Amanhã
vou eu. Logicamente, queremos ter uma morte digna e deixar uma boa
história para trás", referiu.Questionado
sobre a decisão judicial que o obriga a apresentar os resultados dos
testes que fez ao novo coronavírus, Jair Bolsonaro indicou que a lei
garante o anonimato, e repetiu que não teve a doença."Vocês
nunca me viram aqui rastejando, com coriza [corrimento nasal]. Eu não
tive [covid-19]. (...) Daqui a pouco, vão querer saber se eu sou virgem
ou não, aí vou ter de apresentar o meu exame de virgindade para vocês",
ironizou o Presidente brasileiro.Após o
recorde diário e mais de cinco mil mortes registadas no Brasil, o
ministro da Saúde, Nelson Teich, disse na terça-feira que há um
"agravamento da situação" da Covid-19 no país."O
que tem de ficar claro é que o número vem crescendo. Alguns dias atrás
eu disse que poderia tratar-se de um acumulado de casos de dias
anteriores, mas como temos uma manutenção desses números elevados e
crescentes, temos que abordar isso como um problema", disse o
governante.