Bolieiro recusa ser "extensão" para desculpas da República aos seus "incumprimentos"
24 de mar. de 2021, 17:31
— Lusa/AO Online
“Nós
contribuímos para o desenvolvimento e prestígio internacional de
Portugal e também queremos que o Governo da República assuma [...] o
papel de colaborador no desenvolvimento dos Açores, desde logo cumprindo
os seus compromissos”, disse José Manuel Bolieiro, no parlamento dos
Açores.O presidente do executivo açoriano
referiu ainda já ter tido oportunidade de dizer ao primeiro-ministro,
António Costa, que conta com o Governo Regional para colaborar “no
desenvolvimento do pais inteiro", para ser um parceiro. “Mas,
que também fique ciente que não somos a extensão do Governo para as
desculpas das culpas que já tenha ou venha a ter nos incumprimentos
assumidos”, acrescentou. O chefe do
executivo açoriano falava depois de uma declaração política do líder do
grupo parlamentar do PSD/Açores no plenário da Assembleia Legislativa
Regional, Pedro Nascimento Cabral, que acusou o executivo socialista de
António Costa de “assumir um conjunto de compromissos há muito
reivindicados pelos açorianos e que são determinantes para o
desenvolvimento coletivo” da região, mas teimar “em não os cumprir para
grave prejuízo de todos”.Na resposta, José
Manuel Bolieiro afirmou que o executivo açoriano de coligação
PSD/CDS-PP/PPM não será o "Governo das desculpas para as culpas dos
outros, nem por ação, nem por omissão”, mas “será parceiro para fazer
cumprir os compromissos que possam ser assegurados por parceria”. O
governante ressalvou ainda que tem identificado com os ministros do
governo de António Costa várias das questões apontadas pelo líder do
grupo parlamentar social-democrata.Para o
líder do Governo dos Açores - que pretende calendarizar a resolução das
questões pendentes com os membros do Governo da República - um dos temas
que necessita de resolução urgente é a nova cadeia de Ponta Delgada.A
Assembleia da República, recordou, “na anterior legislatura, assumiu
através de resoluções aprovadas, por unanimidade, a prioridade na sua
construção e o que se encontrou foram expedientes dilatórios para
atrasar o que tem máxima urgência”. Na sua
intervenção, Pedro Nascimento Cabral salientou ainda que, “no decurso
dos últimos governos regionais da responsabilidade do partido socialista
de Vasco Cordeiro, o Governo da República de António Costa assumiu uma
série de compromissos em relação à Região Autónoma dos Açores que não
mereceram qualquer execução”.O atual líder
parlamentar socialista e ex-presidente do Governo Regional, Vasco
Cordeiro, respondeu, contudo, estar “muito à vontade com o que o Governo
da República do PS trouxe para os Açores”, salientando que se “pode
acusar o primeiro-ministro e secretário geral do PS de tudo, mas nunca
de ter dito que os Açores não eram grande fortuna porque só valiam 12
mil votos”, numa alusão ao líder do PSD, Rui Rio.Pelo
BE, António Lima lamentou que se tenha que revisitar “assuntos que
infelizmente não são novos” e “problemas que continuam por resolver”
devido aos “incumprimentos” do Governo da República, usando também como
exemplo a cadeia de Ponta Delgada, que continua sem ser construída.Paulo
Estevão (PPM) considerou que se está “perante um incumprimento grande” e
que “estas matérias não são roupa velha porque não estão resolvidas”,
numa alusão às palavras de Vasco Cordeiro.O
líder do PPM/Açores acusou mesmo Vasco Cordeiro de, no caso da
disparidade dos milhões do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para
os Açores, ter tido conhecimento do assunto “antes das eleições
[legislativas regionais de Outubro de 2020]” e nada ter dito.O
líder do Chega/Açores, Carlos Furtado, acusou ainda os governos
liderados por Vasco Cordeiro de “ocultação de informação que foi
escondida ao longo dos anos”, salvaguardado a “proximidade entre o PSD e
o seu partido, no âmbito de uma relação saudável e séria” por parte de
“pessoas sérias que honram os seus compromissos”. O
deputado da Iniciativa Liberal Nuno Barata declarou que o “Governo
Regional anterior não fez o que é preciso ser feito com o Governo da
República”, acusando o executivo central de falhar com os seus
compromissos em relação aos serviços do Estado na região, como a cadeia
de Ponta Delgada.