Bolieiro diz que herdou decisão de 1% das verbas serem de concursos nacionais
PRR
18 de mai. de 2022, 16:16
— Lusa/AO Online
“Quem
negociou foi o anterior Governo [Regional, do PS]. Não foi o meu
Governo. É uma herança recebida por parte deste Governo. Foi um
procedimento que me foi transmitido pelo ministro do Planeamento.
Discordei. O que foi transmitido é que estava assim”, afirmou José
Manuel Bolieiro, em declarações aos jornalistas no Palácio de Sant’Ana,
em Ponta Delgada.O chefe do executivo de
coligação PSD/CDS-PP/PPM referia-se à opção, escrita numa carta de
agosto do então ministro do Planeamento, Nelson Souza, de atribuir aos
Açores 5% do PRR para Portugal, sendo 4% (580 milhões de euros) geridos
pela região e o restante 1% (117 milhões) disponibilizado através do
acesso a candidaturas nacionais.“A carta
definiu que era ‘quatro mais um’. Procuramos, perante esta realidade,
que este 1% pudesse estar alocado às iniciativas empresariais a partir
dos Açores”, referiu José Manuel Bolieiro, à margem de uma audiência,
para apresentação de cumprimentos, com diretores de órgãos de
comunicação social da diáspora dos Estados Unidos da América e do
Canadá.Na carta, a que a Lusa teve acesso,
o então ministro do Planeamento diz que “o PRR alocou 5% do total da
dotação em subvenções a investimentos” a realizar nos Açores, “num total
de 697 milhões de euros [5% de 13.944 milhões de euros]”.Esse valor “será utilizado em duas frações”, indicava o ministro, na missiva de agosto.A
fração correspondente a 4% diz respeito a “projetos incluídos no PRR e
objeto de contratualização em curso entre a EMRP [Estrutura de Missão
Recuperar Portugal] e a DRPFE [Direção Regional do Planeamento e Fundos
Estruturais]”.A fração B, relativa a 1% do PRR, seria para “projetos a apoiar no quadro de concursos/medidas de aplicação nacional”.José Manuel Bolieiro salientou que “as garantias estão garantidas pelo ministro e por documentação escrita”. “Se deixarem de cumprir os compromissos é que poderá ser um problema, mas eu confio que cumprirão”, afirmou.O
chefe do Governo Regional disse ainda que os 117 milhões estão
“disponíveis por candidatura e por demonstração de capacidade”. “Aquele valor não será esgotado por outras candidaturas que não as dos Açores e de empresas açorianas”, salientou.Sobre
o facto de ter referido a possibilidade de reabrir o processo das
Agendas Mobilizadoras, quando decidiu suspender o processo de
candidaturas de empresas açorianas devido a suspeições que surgiram no
parlamento regional, José Manuel Bolieiro admitiu poder ter-se
“expressado mal”.“Posso ter-me expressado
mal quando digo recomeçar. Mas, era recomeçar, não com base naquele
processo, mas com uma candidatura a estes fundos geridos pela
República”, justificou.Questionado sobre
se, na ocasião, sabia que não voltaria a haver acesso às designadas
Agendas Mobilizadoras, o presidente do executivo açoriano reconheceu que
“na altura estava tudo ainda muito por consolidar”. “A
expressão mais própria que pretendia dizer é que, perante uma
suspeição, se pretendia terminar aquela suspeição e começar de novo,
para ter mais divulgação, mais transparência. Isso eu mantenho”,
assegurou. A verba de 117 milhões de euros
começou por ser referida pela região como estando disponível para
empresas açorianas no âmbito de candidaturas às designadas Agendas
Mobilizadoras, um concurso aberto pela República para fundos do PRR.A 20 de outubro, depois de críticas ao processo, o presidente do Governo
Regional anunciou que as candidaturas de empresas açorianas a 117
milhões de euros do PRR iriam começar do zero.Na
terça-feira, numa audição no âmbito da comissão de inquérito do
parlamento regional ao processo, o ex-ministro do Planeamento Nelson
Souza disse que estão disponíveis, no PRR, 117 milhões para as empresas
açorianas, desde que apresentem “projetos a concursos nacionais e possam
ver os projetos de acordo com as regras e critérios de seleção”.O
ex-ministro socialista considerou uma “pura falsidade” as declarações
do presidente do Governo Regional sobre a reabertura das Agendas
Mobilizadoras.Nelson Souza garantiu que
transmitiu ao presidente do executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM) que o
concurso das Agendas Mobilizadoras “dificilmente” se iria repetir, mas
que os 117 milhões continuariam disponíveis no âmbito de outros avisos.A
comissão de inquérito às agendas mobilizadoras foi aprovada por
unanimidade no parlamento açoriano em outubro de 2021, depois de vários
partidos terem questionado a gestão feita pelo Governo Regional
(PSD/CDS-PP/PPM) às verbas previstas no PRR para o arquipélago ao abrigo
daquele programa.