Bolieiro confirma demissões de diretores hospitalares mas garante escalas de urgência
30 de nov. de 2022, 15:12
— Lusa/AO Online
Numa conferência de
imprensa no Palácio de Sant’ Ana, sede da presidência do Governo
Regional, em Ponta Delgada, José Manuel Bolieiro revelou que foi aberto
um “protocolo negocial” com os sindicatos médicos devido às
reivindicações dos profissionais, nomeadamente quanto a horas
extraordinárias, e acrescentou que os conselhos de administração dos
três hospitais da região (Ponta Delgada, Horta e Angra do Heroísmo)
garantiram que as escalas de urgência “da primeira semana de dezembro
estão asseguradas”. “Os chefes de serviço
de urgência [do hospital de Ponta Delgada] estavam, até hoje, sem
conhecer a situação [início de um protocolo negocial e escalas de
urgência asseguradas]. Ficariam responsáveis por algum vazio [nas
escalas]. Tenho esperança de que naturalmente ficam confortados, até
pelo seu sentido de responsabilidade já demonstrado, quando se verificar
que a escala não está em branco”, afirmou José Manuel Bolieiro, chefe
do executivo de coligação PSD/CDS-PP/PPM.
Quanto ao protocolo negocial aberto na terça-feira numa reunião entre o
presidente do executivo e os sindicatos, Bolieiro explicou que será
“abrangente”, envolvendo várias questões, e adiantou que a primeira
ronda negocial está marcada para quarta-feira, 07 de dezembro, às 10h30,
na ilha Terceira, no gabinete do secretário regional da Saúde, e já
deverá servir para definir “calendário e temáticas”.
Na edição de hoje, o diário Açoriano Oriental escreve que 10 chefes de
equipa do Serviço de Urgência do Hospital do Divino Espírito Santo
(HDES), em Ponta delgada, “pediram a demissão” por considerarem “não
estarem reunidas as condições mínimas para que sejam prestados os
melhores cuidados aos utentes” que recorrem à urgência daquela unidade
de saúde. Há duas semanas, cerca de 400
médicos (191 do Hospital do Divino Espírito Santo) manifestaram
indisponibilidade para fazer mais do que as 150 horas de trabalho
extraordinário obrigatórias por lei. Hoje, Bolieiro revelou que “está assegurada a escala de urgências para a próxima semana” nos três hospitais da região. “Vamos trabalhar em conjunto para resolver os problemas para todo o mês”, acrescentou.
Explicando que a elaboração das escalas é “uma responsabilidade dos
conselhos de administração”, o chefe do executivo adiantou ainda que,
“perante escassez de recursos [no Serviço Regional de Saúde], houve um
recurso [de profissionais] ao exterior, nomeadamente a tarefeiros”, para
assegurar a escala da próxima semana. “O
aumento de recursos não se faz num estalar de dedos”, salientou,
justificando que a “densidade de problemas”, nomeadamente de “falta de
médicos”, é de “largos anos”. Questionado
sobre um alegado “mau ambiente” provocado pelo atual conselho de
administração do HDES junto dos seus profissionais, José Manuel Bolieiro
disse ser “verdade que, por ausência do diálogo, tem havido
dificuldades de relacionamento”. “O apelo
e disponibilidade foi de mantermos um diálogo para sermos parte da
solução. Não se vai resolver tudo num dia só. O que era urgente está
resolvido”, frisou. Quanto a uma eventual
demissão do conselho de administração, o presidente do Governo preferiu
“valorizar as soluções para o entendimento”.
Sobre o pedido de desculpas do vice-presidente do Governo, pedido pelos
cerca de 400 médicos que recusaram fazer horas extraordinárias para
além das 150 horas exigidas por lei, Bolieiro recusou “tapar o sol com a
peneira”. “De facto, surgiu uma mensagem
quanto a algum desconforto sobre as declarações do vice-presidente do
Governo. Ficou esclarecido que não havia, que não houve intenção do
vice-presidente de ofender os médicos. Pelo contrário, é um defensor de
uma relação mais justa e equitativa do estatuto, incluindo
remuneratório, dos profissionais de saúde”, afirmou.
Bolieiro quis também “deixar, em nome do governo, em nome pessoal e de
todos os membros de governo, um gesto de solidariedade e confiança nos
médicos - um por um e na sua globalidade”.
“O seu sentido ético e deontológico nunca estiveram em causa,
nomeadamente assegurando, por trabalho suplementar, o que corresponde as
respostas essenciais. Isso é inequívoco, não é uma reação ao incidente
[da interpretação das declarações do vice-presidente]. Quero assegurar
aos utentes a boa relação, a confiança nos nossos médicos, que prestam
um serviço no integral cumprimento das suas responsabilidades éticas
deontológicas e muitas vezes vão além”, afirmou.
Artur Lima afirmou que não teve “intenção de ofender os médicos” nas
declarações feitas sobre o trabalho extraordinário, após ter sido
criticado pelo PAN, BE e PS no parlamento regional.