Bolieiro admite “limpeza” para “libertar” SATA do “histórico negativo”
8 de jun. de 2022, 09:47
— Lusa/AO Online
“Tivemos
de fazer uma limpeza através desse resgate que está aprovado para
libertar [a SATA] desse histórico negativo”, afirmou José Manuel
Bolieiro, durante uma conferência de imprensa na sede da presidência do
Governo açoriano, em Ponta Delgada, em que esteve acompanhado pelos
secretários regionais da Mobilidade e Finanças, Berta Cabral e Duarte
Freitas, respetivamente, e pelo presidente do grupo SATA, Luís
Rodrigues.A Comissão Europeia aprovou
uma ajuda estatal portuguesa para apoio à reestruturação da companhia
aérea açoriana SATA, de 453,25 milhões de euros em empréstimos e
garantias estatais, prevendo 'remédios' como uma reorganização da
estrutura empresarial.A propósito da
decisão comunitária, o presidente do Governo Regional disse que é
um “dia de satisfação”, porque a empresa fica “libertada do seu
histórico negativo para ter uma gestão fundada na competência, no rigor e
na rentabilidade”.“O que vai ser o futuro
da SATA? É ser bem gerida. O que é vai ser o futuro da região? É olhar
para o interesse do erário público”, salientou.José
Manuel Bolieiro reforçou que a área de negócios da SATA será a de
“encontrar soluções que deem rentabilidade” e a de “cumprir a missão
pública com as componentes indemnizatórias”.“Tudo
o que diga respeito ao cumprimento de obrigações de serviço público e
que correspondem, muitas vezes, a ‘deficit’ de operação, tem a devida
subvenção pública e é responsabilidade da região ou do Estado”, afirmou.O
presidente do executivo regional (PSD/CDS-PP/PPM) revelou que a
Comissão Europeia ainda vai enviar com “detalhe” as obrigações do Plano
de Reestruturação e adiantou que a SATA vai ser alvo de uma auditoria.A
verba aprovada divide-se em empréstimos diretos de 144,5 milhões de
euros e assunção de dívida de 173,8 milhões de euros, num total de
318,25 milhões de euros a converter em capital próprio e em garantias
estatais de 135 milhões de euros concedidas até 2028 para financiamento
facultado por bancos e outras instituições financeiras.Estão
em causa compromissos "para assegurar uma implementação eficaz", como o
desinvestimento de uma participação de controlo (51%) na Azores
Airlines, o desdobramento da atividade de assistência em terra e uma
reorganização da estrutura empresarial da SATA, com a criação de uma
'holding' que substitui a SATA Air Açores no controlo das suas operações
subsidiárias.Estão ainda previstas a
obrigação de a SATA ter um limite máximo na sua frota até ao final do
plano de reestruturação e a proibição de, também até esse prazo, fazer
qualquer aquisição de aviões.Segundo José
Manuel Bolieiro, as obrigações não vão impedir a chegada de um novo
avião para a operação de verão da companhia nas ligações entre as ilhas
do arquipélago.“Consoante o negócio
justifique a aquisição de meios para corresponder à procura não há
impedimento […]. Nós não vamos fazer oferta sem procura. Nós vamos
garantir em progresso oferta para a procura. Isso é já uma mudança da
gestão de negócio”, assinalou.As
dificuldades financeiras da SATA perduram desde pelo menos 2014, altura
em que a companhia aérea detida na totalidade pelo Governo Regional dos
Açores começou a registar prejuízos, agravados pelos efeitos da pandemia
de covid-19, que teve um enorme impacto no setor da aviação.