Bloco de Esquerda defende "medidas fortes" na resposta à inflação
29 de ago. de 2022, 08:46
— Lusa/AO Online
“Se o Governo quer controlar a inflação, tem
por onde começar: impor um teto aos custos da energia”, abrangendo
“eletricidade, gás e combustíveis”, disse Catarina Martins, em Coimbra.A
líder bloquista intervinha no encerramento do Fórum Socialismo 2022,
que decorreu na Escola Secundária Avelar Brotero, desde sexta-feira.“O
que vai o Governo fazer quando o preço do gás condenar os portugueses a
um inverno mais gelado? O que tem a dizer a quem já não sabe como
encarar os aumentos sucessivos”, perguntou.Aos cidadãos, o BE "sabe o que lhes dizer”, assegurou.“Dizemos-lhes
que merecem segurança e justiça: descida do IVA, corte das rendas das
energéticas e fixação administrativa dos preços ao consumo”, preconizou.Para
Catarina Martins, os trabalhadores “não podem continuar a perder poder
de compra” e o BE entende que “o salário mínimo, os salários da Função
Pública e as prestações sociais têm de ser atualizados”.“O Governo pode fazê-lo e é a única forma de evitar o empobrecimento de largas camadas da população”, alertou.Por outro lado, importa “travar o custo da habitação”, referiu.“O
que vai o Governo fazer quando os aumentos das rendas e das prestações
ao banco transformarem a crise da habitação numa catástrofe? O que tem a
dizer a quem vive na aflição de perder a sua casa”, prosseguiu a
coordenadora nacional do BE.Essas pessoas
“merecem segurança e justiça”, adiantou, para realçar a necessidade de
“impor um teto de 1% na atualização das rendas, dação em pagamento que
responsabilize os bancos pelos seus créditos (quem entrega a casa ao
banco não pode continuar a pagá-la)”, bem como “impedir a penhora da
casa de habitação própria”.O BE propõe igualmente que o executivo de António Costa e que o PS devem “controlar os preços da alimentação”. “O
que vai o Governo dizer quando cada vez mais pessoas deixarem de poder
aceder a bens alimentares essenciais? O que tem a dizer a estas pessoas,
para além de uma resposta assistencialista, temporária e imprevisível”,
questionou.Cabe ao Governo garantir
“fixação de preços de referência para os bens essenciais, impedindo a
especulação da grande distribuição”.“As
novas gerações começam a trabalhar em piores condições do que as
anteriores e ter uma carreira, progressão salarial ou sequer um salário
digno é uma miragem. E isto é um assalto. A precariedade é um assalto.
Estão a ser assaltados”, criticou ainda Catarina Martins.Na
sua opinião, “estruturalmente, as escolhas do PS em nada se distinguem
das do liberal [Emmanuel] Macron”, Presidente da França.“E
quem, como no filme de Nanni Moretti [cineasta italiano], esperasse
ouvir deste Governo 'qualquer coisa de esquerda', passado meio ano de
maioria absoluta já se cansou de esperar”, afirmou Catarina Martins.Os
jovens “começam a trabalhar em piores condições do que as anteriores e
ter uma carreira, progressão salarial ou sequer um salário digno é uma
miragem”.Para a líder do BE, “isto é um assalto. A precariedade é um assalto. Estão a ser assaltados”.“Se
o dinheiro não chega para pagar a casa, é porque estás a ser assaltado e
[…] se a conta do supermercado aumenta mais que o salário, estás a ser
assaltado”, considerou.“Se não consegues
encher o depósito, nem para ir trabalhar, estás a ser assaltado. E não
tenhas dúvidas: eles estão a dividir o saque, impunes e intocáveis”,
acrescentou a coordenadora do BE.Catarina
Martins desafiou os portugueses a “juntarem forças” contra esta
situação: “se não suportas que um Governo com poder absoluto se permita
ficar na passividade absoluta quando se trata de escolher entre o país e
a elite, então junta-te à esquerda, junta-te ao Bloco de Esquerda”.