Bispos mostram preocupação face à “grave situação” de muitas famílias
16 de nov. de 2023, 17:40
— Lusa
“É
um retrato social que nos inquieta profundamente”, disse o padre Manuel
Barbosa, secretário da CEP, no final dos trabalhos da assembleia
plenária do episcopado, que decorreu desde segunda-feira em Fátima.Os
bispos analisaram a atual situação de crise social, e deixaram uma
palavra “de reconhecimento às mais de 1.700 instituições de
solidariedade social da Igreja que, diariamente, ao lado dos mais
carenciados, procuram não deixar morrer a sua esperança, apesar de se
encontrarem, também elas, em dramáticas situações no que se refere à sua
sustentabilidade e viabilidade futuras”.No
comunicado final da reunião plenária, lido por Manuel Barbosa, é
lembrado que “o Estado assinou com as entidades representativas do setor
social (IPSS) o Pacto de Cooperação (em 23 de dezembro de 2021), no
qual assumiu aumentar os Protocolos de Cooperação para assumir como
mínimo 50% dos custos nas respostas sociais”.“Atualmente,
este apoio do Estado situa-se nos 38%, segundo os dados objetivos das
entidades representativas do setor. É urgente atingir os 50% que são
definidos no referido Pacto para viabilizar as Instituições sociais em
Portugal”, acrescentam os bispos, que esperam, “neste período preparação
de eleições, (…) dos partidos políticos uma programação que contemple a
viabilidade do Setor Social”.Para o
episcopado português, “todas estas questões, agravadas por um cenário de
guerra internacional e o incontornável fenómeno migratório, impelem-nos
a querer fazer caminho com todos, para uma maior coesão social,
cultural e política. Neste âmbito, assume particular relevância o
diálogo e a colaboração entre as várias religiões”, acrescentou o
secretário da CEP.Segundo o presidente da CEP, José Ornelas, “muitas instituições de solidariedade social correm o risco de encerrar”.Por
outro lado, questionado sobre o atual momento político e social, o
presidente da Conferência Episcopal manifestou a convicção de que os
portugueses têm “curiosidade em conhecer as razões, o processo, que
levou à queda do Governo”.Mostrando
preocupação pelos riscos de crescimento do populismo, o também bispo da
diocese de Leiria-Fátima defendeu a criação de uma cultura de
“honestidade e credibilidade” na defesa das instituições.“Acompanhamos
com preocupação o que se vai passando”, disse José Ornelas, deixando
também o desejo de que “não se perca a esperança”.