Bispo dos Açores aposta nos jovens para a dinamização diocesana

10 de dez. de 2023, 11:09 — Lusa /AO Online

Quando chegou à diocese de Angra, nos Açores, em janeiro deste ano, o novo bispo, Armando Esteves Domingues, assumiu como uma das suas prioridades a evangelização dos jovens. Para abril de 2024 convocou já uma assembleia de jovens e quer vê-los mais envolvidos nos diversos órgãos da pastoral.“Um jovem é muito mais do que nós o imaginamos, do que os pais o imaginam. (…) Nós temos passado um certificado de menoridade aos leigos, mas muito mais aos novos, e nós temos de educar a que sejam participativos, que tenham lugar, tenham palavra, tenham voz e que sejam ouvidos. Faltam muito essas práticas”, diz o bispo dos Açores em entrevista conjunta à agência Lusa e à agência Ecclesia.Para Armando Esteves Domingues, “a JMJ veio provar que, deixando, os jovens conseguem dar um testemunho muito mais espontâneo, fácil, alegre, feliz. São capazes de caminhar juntos com toda a gente, não se importam se são adultos, são idosos, são velhos”.“O jovem gosta de ser considerado, mas também é capaz de considerar a todos”, acrescenta o prelado, que considera que a JMJ ultrapassou em muito aquilo que se poderia pensar que seria a JMJ “num tempo de guerra, num pós-pandemia, num país pequeno como o nosso, num extremo quase do mundo, esquecido”.Ao chegar aos Açores, o bispo, logo no primeiro encontro com os ouvidores, quis saber quantos jovens fazem parte dos Conselhos Pastorais na diocese, alertando que, na Igreja, tal como na política, “os jovens descomprometem-se”, porque sentem que os lugares estão ocupados.“Eu estou a acentuar essa característica, porque acho que é aquela onde nós temos de nos converter e convencer que o jovem é capaz, mesmo se o chamarem para refletir a sua própria paróquia… ele é capaz nas associações de estudantes, ele é capaz de nas associações desportivas, ele é capaz em tantos espaços. (…) Portanto, os jovens por vezes não estão, porque não acreditamos que eles tenham qualquer coisa para dar”, lamenta.Para o bispo de Angra, esta situação fez com que os jovens se tenham habituado “a olhar a Igreja um bocado longe, não próxima, não deles”.Momento marcante nestes meses que leva como titular da diocese dos Açores, viveu-o Armando Esteves Domingues quando, em 24 de julho, subiu ao Pico, com mais de uma centena de jovens, no âmbito da preparação para a JMJ. Na ocasião foi assinado o Pacto da Montanha, consubstanciado no comprometimento de, perante as novas gerações, lhes serem dados “os valores para que, respeitando a natureza, respeitem também toda a criação, a começar pela pessoa humana”.Com o tema do Cuidado da Casa Comum bem presente, o prelado considera que “faria bem a muitos dos que vão estar nas grandes conferências mundiais [como a recente COP] fazê-las num sítio assim paradisíaco como os Açores”.Por outro lado, adverte ser necessário, também, “convencer os açorianos e a juventude açoriana que não podem olhar apenas para o bem que têm, mas para quanta influência tem naquele bem que ainda têm, e que pode destruir, aquilo que se passa na Amazónia, aquilo que se passa com a indústria nos países subdesenvolvidos, mas sobretudo nos grandes países desenvolvidos, que são os causadores da poluição, e que tudo isso está a influenciar também a vida nas nossas ilhas”.“As novas gerações precisam de dar conta que cuidar de uma árvore é cuidar do mundo e o que se passa no mundo tem repercussão no privado. Portanto, não queremos destruir o nosso paraíso, mas gostaríamos que todo o mundo fosse um paraíso e isto está dentro de cada um de nós”, acrescenta o bispo na entrevista à Lusa e à Ecclesia.