Bispo de Santiago alerta para "entrada em força" do Islão em Cabo Verde
O bispo de Santiago considerou que a “entrada em força” do Islão em Cabo Verde constitui “um dos desafios” que se colocam ao país e à Igreja Católica, refere hoje a imprensa do Vaticano.

Autor: Lusa / AO online

D. Arlindo Furtado, também Administrador Apostólico do Mindelo (S. Vicente), discursava no Sínodo dos Bispos de África, que decorre desde o dia 04 na Santa Sé, sob o lema "Igreja em África ao Serviço da Reconciliação, da Justiça e da Paz", e que termina a 25 deste mês.

No seu discurso “in scriptis”, o bispo de Santiago fez uma resenha da situação social e abordou, paralelamente, a questão da democracia em Cabo Verde.

Segundo D. Arlindo Furtado, o perigo de “entrada em força” do Islão em Cabo Verde advém da “forte imigração” dos “irmãos vizinhos” do continente e com a perspectiva de “grandes investimentos” na promoção do Islão no único país católico da região.

O prelado cabo-verdiano apontou ainda a “invasão de seitas”, com “falsas promessas” e “grande domínio” na comunicação social, muitas vezes “agressivas” contra a Igreja Católica.

Estas e outras situações, segundo D. Arlindo Furtado, “estão a exigir da Igreja um outro nível de responsabilidade”, da pastoral e da formação dos seus agentes.

Numa alusão à democracia em Cabo Verde, D. Arlindo Furtado lembrou que quando funciona e as estruturas de um Estado de direito ganham consistência, os partidos políticos vão-se vigiando e controlando mutuamente, especialmente no uso dos bens públicos e na implementação de projectos sociais e de desenvolvimento.

Deste modo, muitos problemas sociais serão mais facilmente resolvidos e a população alcançará mais rapidamente uma melhor qualidade de vida, salientou, acrescentando que Cabo Verde tem feito “grandes progressos nos campos da educação, saúde e infra-estruturas, o que tem permitido aumentar a esperança de vida”.

Contudo, lembra o prelado, os desafios continuam a ser “mais que muitos” e enumerou, a propósito, a instabilidade da estrutura familiar, motivada pela emigração, pelo divórcio e pelo receio generalizado do compromisso familiar pelo matrimónio, o défice na educação cívica e de cidadania, a situação de crianças em risco, a delinquência juvenil e o desemprego, que atinge um índice elevado, sobretudo na camada juvenil.

“É em todas essas esferas da sociedade que nós, os cristãos, somos chamados a ser sal da terra e luz do mundo”, afirmou D. Arlindo Furtado, lembrando que tal deve ser feito com “a discrição necessária”, com a “visibilidade de quem está disponível para servir” e com a “leveza própria da gratuidade, mas com a eficácia que se impõe”.