Biden e Xi reúnem hoje em período de acirradas tensões entre EUA e China
15 de nov. de 2021, 13:10
— Lusa/AO Online
Biden e Xi comeram massa
chinesa juntos em Pequim e compartilharam pensamentos sobre o
significado da América, durante uma viagem ao planalto tibetano, quando
os dois líderes eram vice-presidentes.O
Presidente norte-americano sustentou o seu relacionamento com Xi como
prova da sua convicção de que uma boa política externa começa com a
construção de relacionamentos pessoais fortes.Mas
a relação EUA – China deteriorou-se rapidamente, nos últimos anos,
marcada por disputas no comércio, tecnologia, Direitos Humanos ou o
estatuto de Taiwan.“As lacunas são tão
grandes e as tendências tão problemáticas que o toque pessoal só pode
resultar até certo ponto”, disse Matthew Goodman, que atuou como
conselheiro para a Ásia no Conselho de Segurança Nacional dos EUA, nas
Administrações de Barack Obama e George W. Bush.Os
funcionários da Casa Branca mantêm baixas expectativas para a reunião
virtual de hoje: não é esperado nenhum anúncio importante e não há plano
para a habitual declaração conjunta dos dois países, de acordo com
funcionários do governo norte-americano.A
simpatia em público - Xi referiu-se a Biden como um “velho amigo” quando
o então vice-presidente norte-americano visitou a China em 2013 -
esfriou agora que os dois homens são chefes de Estado. Questionado
por um jornalista sobre se iria pressionar o seu “velho amigo” Xi a
cooperar com uma investigação da Organização Mundial da Saúde sobre a
origem do novo coronavírus, Biden reagiu assim: “Vamos deixar uma coisa
bem clara: nós conhecemo-nos bem; não somos velhos amigos. Trata-se de
puro negócio”.Biden, no entanto, acredita que uma reunião face a face tem valor.“Ele
sente que a história do seu relacionamento, depois de passar algum
tempo com Xi, permite maior franqueza no diálogo”, disse a secretária de
imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, sobre o encontro.Biden e Xi também viajaram juntos pelos Estados Unidos quando ambos eram vice-presidentes.Essas interações, segundo ambos os líderes, deixaram uma impressão duradoura.Os
dois falaram por telefone, em fevereiro e setembro, e abordaram
questões relativas aos Direitos Humanos, comércio ou a pandemia.Biden
disse que vê a China como o maior competidor dos Estados Unidos em
questões económicas e de segurança e tentou reformular a política
externa norte-americana para refletir essa crença.O
seu governo criticou Pequim por cometer abusos contra minorias étnicas
no noroeste da China, reprimir os protestos pró-democracia em Hong Kong e
resistir à pressão global para cooperar com as investigações sobre as
origens da pandemia do novo coronavírus.As
tensões também se agravaram à medida que o exército chinês aumentou a
pressão perto de Taiwan, ilha que Pequim considera parte do seu
território, apesar de operar como entidade política soberana. As autoridades chinesas sinalizaram que Taiwan vai ser uma questão importante na reunião de hoje.Biden
deixou claro que o seu governo vai seguir a política de longa data de
“uma só China”, que reconhece Pequim como a capital de toda a China, mas
permite relações informais e laços de defesa com Taipé.Alguns
altos funcionários do governo Biden especulam que, com Pequim a sediar
em fevereiro os Jogos Olímpicos de Inverno, e Xi a preparar-se para
iniciar um terceiro mandato de cinco anos como presidente, em outubro
próximo - sem precedentes na história recente da China -, o líder chinês
vai procurar estabilizar o relacionamento no curto prazo.A desaceleração do crescimento económico e uma crescente crise imobiliária também são importantes para Pequim.Em
entrevista à cadeia televisiva CBS, a secretária do Tesouro, Janet
Yellen, alertou que o aprofundamento dos problemas de Pequim pode ter
“consequências globais”.Biden, que
enfrenta também a pandemia do coronavírus, inflação e problemas nas
cadeias de fornecimento, quer também encontrar uma medida de equilíbrio
nas questões de política externa mais consequentes que enfrenta.O
Presidente dos EUA teria preferido manter uma reunião pessoal com Xi,
mas o líder chinês não sai da China desde o início da pandemia do
coronavírus. O encontro virtual foi
proposto depois de Biden mencionar, durante um telefonema em setembro
com o líder chinês, que gostaria de poder ver Xi novamente.