Biden aponta que restringiu pedidos de asilo para “obter controlo” na fronteira
4 de jun. de 2024, 21:27
— Lusa/AO Online
A
ordem executiva assinada hoje pelo chefe de Estado norte-americano
permitirá às autoridades norte-americanas deportar aqueles que não
cumpram as rigorosas normas de asilo quando o número de 2.500 detenções
diárias na fronteira for ultrapassado durante uma média de sete dias.O
despacho entrará em vigor, porque esse número de 2.500
detenções já está a ser ultrapassado, com uma média de 4.200 detenções
diárias ocorridas em abril, o último número oficial disponível.“A
fronteira não é uma questão política que possa ser transformada em
arma”, garantiu Biden, acrescentando que teria preferido uma ação mais
profunda e duradoura através de legislação, mas que “os republicanos não
deram outra escolha”.Biden realçou que a
medida tomada contorna a obstrução do Partido Republicano para “fazer o
que é possível sozinho”, insistindo que sempre viu a imigração como a
“força vital da América”.“Esta ação ajudará a obter o controlo da nossa fronteira e a restaurar a ordem no processo”, vincou Joe BidenO
ex-presidente Donald Trump acusou hoje, nas redes sociais, Biden de
“entregar totalmente a fronteira sul”, considerando a ordem executiva
‘exibição’ antes do debate presidencial de 27 de junho.Os
republicanos no Congresso também criticaram a ordem de Biden,
considerando um “golpe político” destinado a mostrar uma fiscalização
mais rigorosa da imigração antes das eleições.Com
esta decisão, os protocolos para solicitação de asilo serão novamente
flexibilizados quando esse número cair para 1.500, em média, em 14 dias,
o que pode ser difícil de alcançar, já que a última vez que tal
aconteceu foi em julho de 2020, em plena pandemia de covid-19.A
partir de hoje, aqueles que chegarem à fronteira quando o limite de
2.500 for excedido estarão sujeitos a “um padrão significativamente mais
elevado” para se qualificarem para asilo.Nesse
caso, os migrantes devem demonstrar que existe uma “possibilidade
razoável” de correrem risco de tortura ou de perseguição se forem
devolvidos ao seu país de origem.Em
qualquer caso, as autoridades argumentaram que os Estados Unidos irão
aderir às obrigações da convenção das Nações Unidas contra a tortura,
que proíbe a deportação de alguém para um país onde possa ser torturado.Contudo, permanecem ainda dúvidas sobre como a nova diretiva de Biden poderá ser implementada.Por
exemplo, o Governo norte-americano celebrou um acordo com o México no
qual este país vizinho concorda em aceitar até 30.000 cidadãos por mês
de Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela, uma vez que lhes seja negada a
entrada dos EUA, mas não se sabe se este procedimento continuará em
vigor.Também não ficou claro o que acontecerá aos cidadãos de outros países cuja entrada vier a ser negada pela diretiva de Biden.A
diretiva que hoje entra em vigor difere das diretivas que o
ex-presidente republicano Donald Trump tinha colocado em prática -
embora se tenha baseado nas mesmas disposições da Lei de Imigração –
incluindo a diretiva de 2017 que travava a entrada de cidadãos de países
de maioria muçulmana.A diretiva de Biden
descreve vários grupos de migrantes que ficarão autorizados a entrar por
razões humanitárias, incluindo vítimas de tráfico de seres humanos,
menores não acompanhados e aqueles com emergências médicas graves.Esta
nova diretiva também isenta os migrantes que chegam de uma forma
considerada ordenada, o que inclui pessoas que marcam reuniões com
funcionários da fronteira nos portos de entrada recorrendo a mecanismos
legais de proteção de fronteiras.