Beto vê capacidade e talento em Portugal para bater Gana
Mundial2022
22 de nov. de 2022, 13:14
— Lusa/AO Online
“É
uma seleção um pouco diferente daquela de 2014. Oito anos depois, o
Gana já reúne jogadores com bastante qualidade ao nível da posse, mas
vai ter na transição ofensiva a sua principal arma e jogará um pouco
mais na expectativa e num bloco médio, à espera de uma interceção ou um
roubo de bola e das bolas paradas. Acima de tudo, e na teoria, Portugal
tem uma seleção e jogadores de nível superior. Por isso, temos tudo para
fazer um grande jogo e começar muito bem”, avaliou à agência Lusa o
‘guardião’, de 40 anos.Portugal e Gana
começam a disputar a 22.ª edição do Mundial na quinta-feira, no Estádio 974, em Doha, em jogo da primeira
ronda do Grupo H, três horas após o embate entre Uruguai e Coreia do
Sul, também na capital do Qatar.“São
competições curtas e não há muita margem para perder tempo e pontos. É
sempre importante começar bem para se ter uma melhor perspetiva daquilo
que vão ser os jogos seguintes. É sempre ótimo marcar uma posição,
deixar uma boa imagem e ter o máximo de pontos possíveis, porque
Portugal encontrará depois um adversário de nível superior, como o
Uruguai, que nos afastou em 2018, num jogo sem muito boas memórias”,
notou.Face ao “leque de talentos ao
dispor”, Beto sente a equipa liderada por Fernando Santos como
“candidata” a vencer um inédito cetro e “favorita a passar em primeiro”
na ‘poule’, evitando, assim, um eventual desafio frente ao pentacampeão
Brasil nos oitavos de final.“Qualquer
seleção vai ter de defrontar os melhores do planeta para ser campeã
mundial. Obviamente, há melhores ou piores adversários em determinados
momentos, mas acho que Portugal tem armas e capacidade para passar em
primeiro e evitar uma seleção com o poderio do Brasil”, afiançou, quatro
anos depois da ‘queda’ na primeira fase a eliminar.Portugal
disputa pela oitava ocasião, e sexta consecutiva, no principal torneio
mundial de seleções, ao qual acedeu com êxitos ante Turquia (3-1) e
Macedónia do Norte (2-0) no ‘play-off’, após ter sido superado pela
Sérvia na liderança do Grupo A da zona europeia.“Não
se trata de bloqueios mentais. Portugal não joga sozinho e há outras
seleções que também têm jogadores com muita qualidade, cultura tática e
que competem em grandes equipas europeias. Vemos hoje muitas equipas que
venceram a Liga dos Campeões há bem pouco tempo, mas têm muitas
dificuldades em defrontar adversários de segunda e terceira linha dos
respetivos campeonatos. Ou seja, o futebol é muito difícil”, comparou.Suplente
não utilizado em 2010 e 2018, mas com 179 minutos repartidos por dois
duelos no Mundial2014, Beto alerta que “está muito complicado atingir
vitórias tão arrasadoras e claras como se via antigamente”, em função do
“maior equilíbrio tático, técnico e físico”.“O
futebol são detalhes e há momentos da partida em que Portugal está por
cima. Agora, nenhuma equipa vai dominar a 100% durante os 90 minutos.
Muitas vezes, o adversário impede e anula os nossos pontos fortes e
Portugal necessita de transformar a dificuldade em solução. Isso faz
parte do futebol e não há que apontar absolutamente nada, porque são
futebolistas de topo mundial que podem ter momentos melhores ou piores.
Acredito mesmo muito nesta geração que vai ao Qatar”, expressou o antigo
guarda-redes de FC Porto, Sporting e Sporting de Braga, que deixou em
julho os finlandeses do Helsingfors.Por
causa do clima desértico do Qatar, com temperaturas médias de 50 graus
celsius no verão, o Mundial2022 decorre desde domingo com uma
calendarização distinta, gerando uma inédita interrupção da generalidade
das provas de clubes em plena época 2022/23.“Nesta
altura, o mais importante é a capacidade mental de os atletas se
desligarem dos seus campeonatos e ligarem o ‘chip’ do campeonato do
Mundo. Será a parte mais difícil de gerir do que propriamente a física,
porque os jogadores estão mais ou menos a meio da época.
Independentemente do volume de jogos, ainda estão mais frescos do que se
estivessem no final de uma temporada e com 50 jogos cumpridos já nas
pernas”, traçou.Detentor de 16
internacionalizações, a última das quais durante a caminhada triunfal na
Liga das Nações de 2019, Beto enfatiza também a “vertente psicológica”
associada ao torneio, ao reiterar “o cansaço físico não se nota tanto”
quando “a motivação é extrema”.“Nunca
ninguém vivenciou esta experiência, nem há um termo de comparação. Se
calhar, poderá ser um volte-face muito importante para algumas equipas,
que estão sempre na expectativa de perceber o que acontecerá aos atletas
cedidos às seleções. Agora, não é um Mundial que acaba e os jogadores
vão de férias. Pode haver um pequeno interregno para eles poderem
descansar uns dias, mas a competição volta novamente”, terminou o
vencedor de quatro Ligas Europa, três pelos espanhóis do Sevilha e uma
pelo FC Porto.