Berlusconi diz que foi Draghi quem escolheu eleições antecipadas
Itália/Crise
22 de jul. de 2022, 10:59
— Lusa/AO Online
“Foi pedido um
pacto de governo, mas Draghi escolheu o caminho do voto”, disse
Berlusconi numa entrevista publicada hoje no jornal de que é dono, Il
Giornale, e na qual explica que foi instado a “refazer um pacto de
Governo, sob a liderança de Draghi, numa base nova, coerente e
solidária”.No entanto, acrescentou, “o
primeiro-ministro escolheu outro caminho, aquele que leva às eleições.
Por que é que ele fez isso, é uma pergunta que deve ser feita. Estávamos
completamente dispostos a continuar a apoiá-lo e a pagar um preço por
isso em termos de apoio”.“Não negámos confiança ao Governo. Não esperava que isto terminasse assim”, reiterou Berlusconi.A
Itália vai realizar eleições legislativas antecipadas em 25 de
setembro, na sequência da crise do Governo de unidade nacional de Mario
Draghi, pressionado a renunciar devido ao abandono de três importantes
parceiros da sua coligação: o M5S, a Liga e o Força Itália, que não
aprovaram a moção de confiança ao Governo pedida pelo primeiro-ministro.O
Presidente da República, Sergio Mattarela, anunciou na quinta-feira a
sua decisão de dissolver o Parlamento, eleito em março de 2018, e
encerrar a legislatura oito meses antes do previsto.Embora
tenha admitido que “o momento é inoportuno”, o líder do Força Itália
lembrou que as eleições “não são uma blasfémia” e sublinhou que, numa
democracia, dar a palavra ao povo soberano é sempre a melhor forma de
ter legitimidade.Berlusconi disse ainda
acreditar no sucesso da aliança com os restantes partidos de
extrema-direita, como o Irmãos da Itália, de Giorgia Meloni, e a Liga,
de Matteo Salvini, e garantiu que “darão credibilidade e estabilidade”
ao país.Draghi continuará no cargo até à formação do novo Governo.O
chefe de Estado - que já aceitara com relutância um segundo mandato, em
janeiro, devido ao clima de confronto político - pediu aos dirigentes
políticos que pensem no país, na fase que se segue.“Espero
que, na intensa e por vezes aguda dialética da campanha eleitoral,
todos deem uma contribuição construtiva no melhor interesse da Itália”,
pediu o Presidente, referindo-se ao período de campanha que antecede as
eleições marcadas para 25 de setembro.Draghi
presidiu a uma coligação de unidade nacional, nos últimos 17 meses,
desde fevereiro de 2021, quando foi indicado para gerir a crise da
pandemia de covid-19 e a recuperação económica do país, após a queda do
seu antecessor, Giuseppe Conte, líder do M5S, que agora esteve na base
da atual crise política.A coligação foi
apoiada por praticamente todos os partidos com assento parlamentar, da
esquerda à extrema-direita, exceto pelo movimento Irmãos da Itália.Na
semana passada, Draghi anunciou que não queria continuar a governar sem
o apoio do M5S, quando este partido se absteve numa primeira moção de
confiança.Nessa altura, Mattarella
rejeitou o pedido de renúncia e pediu a Draghi para tentar novas
soluções políticas, com o devido apoio no parlamento.Na
quarta-feira, o primeiro-ministro venceu uma segunda moção de
confiança, mas perdeu o apoio de três dos partidos que apoiavam a sua
coligação: o M5S, o Forza Itália e a Liga - o que justificou uma nova
visita ao Presidente, para lhe reiterar o pedido de demissão.