BE vai abster-se na generalidade depois de medidas garantidas com o Governo
OE2020
9 de jan. de 2020, 11:49
— Lusa/AO Online
Com esta abstenção dos 19 deputados do BE, a
proposta do Governo do OE2020 tem já a sua viabilização, na
generalidade, garantida."Esta negociação
decorreu em condições difíceis e de facto só terminou esta manhã.
Negociámos até ao último minuto", revelou, justificando que foi com base
"nas questões que estão garantidas já" que o BE decidiu a sua
abstenção.Na especialidade, avisou
Catarina Martins, "o Bloco de Esquerda não abdica de apresentar as suas
propostas para as mais diversas áreas e que não foram objeto desta
negociação" e avisou que "será o que ocorrer na especialidade que irá
determinar a votação final global do BE no orçamento", deixando tudo em
aberto para a votação final global."Neste
momento o que garantimos é que este reforço muito significativo da
resposta do SNS, este reforço muito significativo nos direitos dos
utentes e no acesso à saúde, bem como continuar o caminho de aumento
extraordinário das pensões mais baixas, continuar o caminho descida das
propinas e esta nova fórmula de apoiar as pessoas idosas em situação de
pobreza, podem garantir a abstenção do BE nesta fase. Não encerra a
negociação, não encerra este debate", resumiu.Entre
as medidas acordadas entre o Governo e o BE na negociação orçamental
que asseguram esta abstenção, Catarina Martins destacou aquelas
constantes num "pacote adicional de resposta à emergência no setor da
saúde", entre as quais um reforço de 180 milhões de euros dirigidos ao
investimento em meios complementares de diagnóstico, a eliminação de
taxas moderadoras nas consultas em cuidados de saúde primários a partir
da entrada em vigor do OE2020 (e não faseado como esta proposto) e um
reforço de 30 milhões de euros para a saúde mental.Na
área da saúde ficou ainda acordado que “o regime de dedicação plena, de
exclusividade no Serviço Nacional de Saúde, começa desde já “pelos
cargos dirigentes médicos”.Os bloquistas
acordaram com o Governo a continuação da redução do valor das propinas
no primeiro ciclo do ensino superior, tal como tinha acontecido no
anterior orçamento, voltando a baixar 20% a propina máxima, descendo dos
atuais 871 para os 697 euros.Já a
recuperação do valor das pensões mais baixas, "através da atualização
extraordinária semelhante e em linha com as realizadas anualmente na
anterior legislatura", foi outro dos temas entre os quais houve acordo
entre bloquistas e socialistas, não tendo no entanto Catarina Martins se
comprometido com os valores em concreto.“Há
ainda questões em aberto que, não estando determinadas, estão várias
possibilidades em cima da mesa que o BE espera poder vir a concretizar
sobre a energia, sobre salários e nas variadas prestações sociais e
outros apoios que temos vindo a discutir ao longo do tempo”, revelou.Numa
conferência de imprensa na sede do BE, em Lisboa, e poucas horas antes
do arranque do debate na generalidade, Catarina Martins deu conta da
decisão tomada quarta-feira à noite pela Comissão Política do partido,
que se reuniu após um encontro de quase cinco horas entre dirigentes
bloquistas e o primeiro-ministro, António Costa.Na
quarta-feira, o PCP anunciou que se iria abster, tal como o PAN. No
entanto, ainda não estavam assegurados os votos suficientes para
garantir a viabilização do OE2020 na generalidade, faltando então pelo
menos a abstenção ou um voto favorável de mais um deputado para que o PS
veja o seu orçamento seguir para a especialidade.PSD, CDS-PP, Chega e Iniciativa Liberal anunciaram já o voto contra à proposta orçamental.