BE/Terceira defende que despedimentos na Praia Cultural podem ser evitados

4 de set. de 2023, 16:25 — Lusa

“Por mais difícil que seja a situação financeira da autarquia, é sempre possível, com o apoio do FAM [Fundo de Apoio Municipal], encontrar soluções a longo prazo para resolver os problemas criados pela sucessiva má gestão dos executivos camarários anteriores, sem despedir trabalhadores. É o próprio FAM – que aprova programas de reestruturação financeiros – que o afirma”, declarou a Comissão Coordenadora do Bloco de Esquerda na Terceira, liderada por Alexandra Manes, em comunicado de imprensa.A presidente do município da Praia da Vitória (PSD/CDS-PP), Vânia Ferreira, anunciou hoje, em conferência de imprensa, que a autarquia iria internalizar até ao final do ano a cooperativa Praia Cultural, integrando 91 funcionários e despedindo 37, que se somam a outros 35 que já tinham aceitado rescisões por mútuo acordo e a dois absorvidos por entidades externas.Em reação, o BE/Terceira considerou que o despedimento de 37 trabalhadores é “uma vergonha para o município” e acusou o executivo de não respeitar “os compromissos assumidos com estas pessoas no passado”.“É importante lembrar que estes despedimentos são uma decisão da responsabilidade exclusiva do atual executivo, que não é suportada pelo Fundo de Apoio Municipal, a que o município vai pedir auxílio para a sua reestruturação financeira. Aliás, no passado mês de junho ficou a saber-se – através de uma resposta do próprio FAM a um requerimento do Bloco de Esquerda – que nenhum dos 13 Programas de Ajustamento Municipal concretizados até hoje implicou despedimento de trabalhadores”, apontou.Os dirigentes do Bloco na ilha Terceira acusaram a autarca da Praia da Vitória de “fazer chantagem, dizendo que sem estes despedimentos a autarquia não teria possibilidade de cumprir os compromissos com os restantes trabalhadores e com os seus fornecedores”.“É a própria presidente do atual elenco camarário que comprova a rapidez que pretende neste processo de despedimentos quando assume que ainda não existe um plano de reestruturação aprovado, revelando a insensibilidade da coligação PSD/CDS perante os constrangimentos que estes despedimentos representam para a vida destas 37 pessoas e da economia local e regional”, criticaram.O executivo municipal da coligação PSD/CDS-PP, que tomou posse em 2021, depois de 16 anos de gestão autárquica do PS, admitiu a possibilidade de despedimentos na cooperativa na sequência de uma auditoria às contas do denominado grupo municipal (câmara municipal, Praia Cultura e Praia Ambiente), que identificou um passivo de 33,2 milhões de euros.A autarca prevê apresentar, até ao final de setembro, um plano de ajustamento municipal ao Fundo de Apoio Municipal.O PS da Praia da Vitória também já se manifestou contra os despedimentos e defendeu que a presidente do município deve apresentar a sua demissão.