BE reivindica maior abertura do PS às propostas da oposição
O coordenador do BE/Açores Paulo Mendes apelou hoje ao PS para que, apesar de ter alcançado maioria absoluta nas eleições legislativas, adote uma postura de maior abertura às propostas da oposição

Autor: LUSA/AO online

"Mesmo não havendo estimativas sobre a percentagem da abstenção técnica, a abstenção é sempre muito elevada e isso deveria servir de motivo para que o PS, apesar de ter uma maioria absoluta legítima, cultivasse uma maior democraticidade para com os outros partidos da oposição e para que o PS não continuasse a servir de simples caixa-de-ressonância do Governo Regional na assembleia”, frisou o coordenador.

Paulo Mendes, que divide a coordenação do BE/Açores com Zuraida Soares, falava aos jornalistas em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, após a audição com o representante da República para a Região Autónoma dos Açores, Pedro Catarino.

De acordo com o Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores, cabe ao representante da República nomear o presidente do Governo Regional "tendo em conta os resultados das eleições", mas só depois de ouvir os partidos políticos representados no parlamento.

O PS venceu as eleições legislativas regionais, com maioria absoluta, no dia 16 de outubro, tendo elegido 30 deputados. O PSD conquistou 20 mandatos, o CDS-PP quatro, o BE dois, enquanto CDU e PPM um cada.

Paulo Mendes, que foi eleito pelo círculo de compensação, considerou que o PS deve formar governo, porque a maioria absoluta foi “inequívoca”, admitindo, contudo, que esse não era o cenário ideal para o BE.

“Temos o testemunho de várias legislaturas de maioria absoluta do PS e sabemos muito bem como é que tem funcionado. É sempre na base do quero, posso e mando”, considerou.

O BE reforçou nestas eleições o número de deputados, tendo agora um grupo parlamentar, por isso, segundo Paulo Mendes, o partido vai “aumentar a atividade” em propositura e fiscalização, desafiando o PS a fazer o mesmo.

“O PS tem oportunidade para provar que é um partido que, apesar de ter maioria absoluta, tem maturidade suficiente para aumentar a sua capacidade de propositura, ter uma maior capacidade de fiscalização governativa. Não é por ser o suporte do Governo Regional que deve abdicar desta fiscalização governativa”, frisou.

Segundo o dirigente bloquista, as prioridades do BE nesta legislatura são o combate à pobreza e às desigualdades sociais, através da redução do desemprego e da precariedade, mas também as causas ambientais e a mudança do paradigma económico-social da região.

O representante da República para a Região Autónoma dos Açores vai ouvir até quarta-feira os seis partidos com representação na Assembleia Legislativa, nomeando depois o presidente do Governo Regional e os membros do executivo, por proposta do presidente.

Os 57 deputados tomam posse na Assembleia Legislativa na Horta, ilha do Faial, na quinta-feira e o Governo Regional no dia seguinte.