BE questiona Governo sobre exclusão de imigrantes no acesso ao subsídio de mobilidade nas ilhas
5 de dez. de 2024, 10:25
— Lusa/AO Online
Numa
pergunta dirigida ao ministro das Infraestruturas e da Presidência,
através do parlamento, os deputados do BE Fabian Figueiredo e Marisa
Matias questionam se o Governo tem conhecimento da “exclusão do direito
ao subsídio social de mobilidade a imigrantes residentes nas regiões
autónomas da Madeira e dos Açores” e se a alteração partiu do Governo da
República.Os parlamentares perguntam
ainda sobre “qual o fundamento legal para tal alteração” e se o
executivo pretende inverter a situação e “retomar a atribuição do
subsídio social de mobilidade a estes imigrantes, tal como tem sido
feito nos últimos nove anos”.As questões
do BE ao Governo surgem na sequência de notícias recentes de “estar a
ser recusado o direito ao subsídio social de mobilidade a imigrantes
residentes nos Açores e na Madeira”.“Segundo
a AIPA - Associação dos Imigrantes nos Açores, esta situação teve
início a 08 de novembro de 2024 e tem afetado cidadãos imigrantes
residentes na Região Autónoma dos Açores, mesmo com estatuto de
residente de longa duração e com autorização de residência permanente na
região”, acrescenta.Já segundo o Diário
de Notícias, indica, “o mesmo se passa na Madeira onde, de acordo com
uma reportagem da RTP Madeira, tal mudança terá sido atribuída a uma
‘auditoria aos CTT’, entidade que procede ao reembolso do valor das
viagens”.O BE lembra que desde a entrada
em vigor dos diplomas que regulam a atribuição do subsídio social de
mobilidade, o mesmo “tem vindo a ser pago aos cidadãos imigrantes com
contrato de trabalho e residência legal na Madeira e nos Açores,
independentemente da sua nacionalidade”.“Estamos
a falar de cidadãos que residem há vários anos nas regiões autónomas,
trabalham e pagam as suas contribuições para o nosso país”, salienta.Para
os parlamentares do BE, “não tendo ocorrido qualquer alteração
legislativa, está por explicar o fundamento legal que tem conduzido a
uma diferente aplicação da lei e à recusa de atribuição do subsídio
social de mobilidade a estes imigrantes”.Na
terça-feira, o Governo da República disse que está a trabalhar na
legislação do modelo de atribuição do subsídio social de mobilidade para
evitar situações de desigualdade entre residentes, mas assegurou que se
limitou a aplicar a lei.“Na decorrência
do relatório apresentado pelo grupo de trabalho, o Governo encontra-se a
trabalhar não só na clarificação do modelo de atribuição do subsídio
social de mobilidade e na sua desmaterialização através de uma
plataforma digital, mas também na uniformização da legislação entre as
regiões autónomas de molde a, simultaneamente, evitar situações de
desigualdade entre cidadãos residentes”, lê-se numa nota conjunta dos
ministérios das Finanças e das Infraestruturas e Habitação.O
Governo Regional dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) também defendeu na
terça-feira uma “clarificação” da lei que regula o subsídio social de
mobilidade, de forma a garantir que “todos os residentes” na região
tenham direito àquele apoio independentemente da nacionalidade.Por
sua vez, o presidente da Associação dos Imigrantes nos Açores (AIPA)
considerou que se trata de uma “medida discriminatória” e pediu a sua
reversão.“Tendo em conta que estamos a
falar de pessoas que têm a sua residência fiscal nos Açores, são pessoas
que cá trabalham, cá residem e cá fazem os seus descontos para os
cofres do Estado, obviamente que é uma medida discriminatória e que mina
o tal discurso de integração, de interculturalidade, de acolhimento e
de valorização da diversidade cultural”, disse à agência Lusa Leoter
Viegas.