BE quer processo transparente no fornecimento de fuelóleo à elétrica açoriana
6 de jan. de 2023, 17:37
— Lusa/AO Online
“O
BE/Açores defende que é fundamental dar início a um processo
transparente de preparação de um contrato para fornecimento de
combustível a partir de 2025 que proteja os interesses da região, como
consta da proposta do Bloco que já deu entrada no parlamento”, avança o
partido em comunicado.A posição do BE
surge depois de o Governo Regional ter anunciado que o contrato de
fornecimento de fuelóleo entre a empresa Bencom e a elétrica açoriana
(EDA) vai cessar em janeiro de 2025, tendo sido denunciado pela empresa
prestadora do serviço.“O contrato podia
ser denunciado por qualquer uma das partes e tinha de ser com dois anos
de antecedência. Nesse caso, foi a própria Bencom que fez a denúncia do
contrato. Por isso, fê-lo agora para produzir efeitos a 31 de janeiro de
2025”, avançou hoje o secretário das Finanças, Planeamento e
Administração Pública, Duarte Freitas.A 25 maio de 2022, o BE/Açores denunciou um esquema “profundamente lesivo
do interesse público” entre a elétrica açoriana (EDA), o acionista grupo
Bensaúde e o Governo Regional para a compra de fuelóleo em exclusivo à
Bencom, empresa detida em 100% por aquele grupo empresarial.Hoje,
os bloquistas alertam que o acordo em causa “penalizou a região e a
EDA” e criticam o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) por não ter
denunciado aquele contrato.“O BE considera
incrível que a decisão de denunciar este contrato altamente lesivo para
a região não tenha partido do próprio Governo Regional”, lê-se na nota
de imprensa.O partido reitera o “conflito
de interesses” no processo, uma vez que a EDA (detida em 39% pela
Bensaúde) pagou à Bencom (detida em 100% pela Bensaúde) “valores muito
acima do custo aceite pela Entidade Reguladora dos Serviços
Energéticos”.“O cruzamento destes dados
demonstra que em 2018, 2019 e 2020 os gastos da EDA em combustíveis
representam sensivelmente 90% dos valores de vendas da Bencom”,
condenam.O partido reivindica a criação de
um “mecanismo de formação do preço do fornecimento de combustível que
seja justo” e apela ao executivo regional para “avaliar as melhores
soluções técnicas e jurídicas quanto ao tipo de combustíveis que podem
ser utilizados para a produção” de energia.O
BE recomenda ainda que seja “considerada a hipótese de contratar
separadamente o serviço de fornecimento de combustível e o serviço de
armazenamento de combustível”.Em 16 de
setembro de 2022, o BE denunciou que a EDA pagou à empresa Bencom “pelo
menos 6,4 milhões de euros acima do preço regulado”, pelo que o atual
contrato “deve ser denunciado pelo Governo”.Devido
à situação, os bloquistas açorianos, coordenados por António Lima,
chamaram ao parlamento açoriano a administração da EDA para prestar
esclarecimentos sobre o pagamento, à empresa Bencom, de “pelo menos 6,4
milhões de euros acima do preço regulado”.Hoje,
Duarte Freitas disse que o Governo Regional “estava a par das questões
levantadas pelo BE” e assegurou que o executivo vai “proceder às ações
necessárias para garantir que não vão existir problemas de abastecimento
de fuelóleo” a partir de janeiro de 2025.A
EDA é detida em 50,1% pela Região Autónoma dos Açores, em 39,7% pela
ESA - Energia e Serviços dos Açores (grupo Bensaúde), em 10% pela EDP,
estando o restante capital social distribuído por pequenos acionistas.