BE quer ouvir Governo dos Açores e instituto espanhol sobre estação geodésica das Flores
13 de set. de 2022, 10:55
— Lusa/AO Online
Em
comunicado, o partido esclarece que a proposta de audição do Governo
Regional, do Instituto Geográfico Nacional de Espanha e da associação
RAEGE-AZ foi entregue com caráter de urgência ao presidente da Comissão
de Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa Regional e vai ser votada
numa próxima reunião.O pedido surge depois
de, na semana passada, o subsecretário regional da Presidência do
governo açoriano ter divulgado que os parceiros internacionais dos
Açores na RAEGE perderam o interesse na estação geodésica nas Flores,
pelo que o investimento terá de ser feito pela região.“Nas
Flores, a região pretende aumentar as funcionalidades dentro das
possibilidades financeiras, porque não há interesse dos parceiros
internacionais na ilha das Flores. Terá de ser a região a assegurar,
sozinha, o aumento das capacidades da estação da ilha das Flores”,
indicou, no plenário da Assembleia Legislativa realizado na Horta.“Perante
as recentes declarações do subsecretário regional da Presidência, que
pôs em causa a concretização da estação das Flores da RAEGE, o BE quer
esclarecimentos no parlamento sobre o futuro deste projeto e
particularmente sobre o investimento na estação das Flores”, justifica o
partido, destacando que o “investimento será importante para fixar
jovens altamente qualificados na ilha”.Para
o BE, a estação RAEGE das Flores é fundamental para que o projeto
cumpra o seu propósito, já que será a única situada na placa
norte-americana.A sua construção, diz, “é
um compromisso assumido pela região e é uma contrapartida pelo
investimento já realizado por Espanha na ilha de Santa Maria”.“O
projeto RAEGE teve início com a assinatura de um protocolo entre o
Governo dos Açores e o Instituto Geográfico Nacional de Espanha, que
aponta um investimento total de 25 milhões de euros, distribuídos da
seguinte forma: 20 milhões da responsabilidade de Espanha, cinco milhões
da responsabilidade dos Açores”, descreve.O
BE assinala que entre as responsabilidades dos Açores estão os
investimentos necessários para a construção da estação nas Flores. “Por
isso, o BE considera importante ouvir todos os intervenientes, de forma
a que fiquem claras as responsabilidades assumidas por cada entidade e
se houve alguma mudança de estratégia ou de objetivos que possam ter
levado à alegada falta de interesse na estação da ilha das Flores”,
justifica. O RAEGE, recorda a estrutura
partidária, consiste na construção, instalação e exploração de quatro
estações geodésicas fundamentais: duas em Espanha (Yebes e Gran Canária)
e duas nos Açores (Santa Maria e Flores).Para gerir e coordenar a participação do arquipélago português neste projeto foi criada a Associação RAEGE-AZ.De
acordo com informação da página da internet da RAEGE-AZ, os
equipamentos que são instalados nas estações do projeto “fornecem uma
infraestrutura geodésica necessária para a monitorização do planeta
terrestre capaz de fornecer dados de alta precisão para a comunidade
científica, que permitam quantificar as mudanças no espaço e no tempo do
nosso planeta”. “As observações permitem
mapear e monitorizar as mudanças na forma, rotação e distribuição de
massa da Terra, contribuindo para a atualização dos referenciais
terrestres internacionais (ITRF) e assim ser possível estudar questões
de relevo como as associadas às alterações climáticas, estimativas na
variação do nível médio das águas do mar, etc.”, acrescenta.A
estação da ilha de Santa Maria da Rede Atlântica de Estações
Geodinâmicas e Espaciais foi inaugurada em maio de 2015 tendo em vista a
realização de estudos com aplicações em áreas como a proteção civil ou a
indústria espacial.Na ocasião, a estação
da ilha de Santa Maria era uma das quatro estações previstas e a segunda
a entrar em funcionamento, depois de ter sido inaugurada a de Yebes,
Gualajara, Espanha.Previa-se, então, que a
terceira estação ficasse no arquipélago das Canárias – o equipamento
está em construção - e a quarta na ilha das Flores, com conclusão
prevista para 2017, segundo informação revelada em 2015 à agência Lusa
pelo Governo Regional açoriano.