BE quer mais proteção para crianças à guarda do Estado e menos institucionalizações
29 de jun. de 2023, 07:30
— Lusa/AO Online
Em
declarações à agência Lusa, o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe
Soares, explicou os objetivos do partido com o agendamento destas
propostas legislativas, debate que decorre esta tarde na Assembleia da
República e ao qual se juntam projetos da IL, PCP, PAN e Livre.“Nós
partimos de uma análise da realidade atual, que nos deixa um amargo de
boca, sobre a resposta à seguinte pergunta: Estamos a fazer tudo o que
poderíamos fazer para dar as melhores das condições às crianças que
estão à guarda do Estado? A resposta não deixa ninguém descansado porque
é não”, lamentou.De acordo com o deputado
do BE, “o objetivo de ter menos crianças institucionalizadas e mais
crianças em famílias de acolhimento está longíssimo de ser cumprido”,
uma vez que atualmente são “mais de 95% das crianças a cargo do Estado
institucionalizadas e apenas 5% estão em famílias de acolhimento”.“O
que mostra que há um caminho enorme por fazer entre aquilo que a lei
diz, os compromissos que Portugal assumiu e aquilo que existe
atualmente”, afirmou.Partindo desta
análise e para dar “as melhores das condições a crianças e jovens que
estão a cargo do Estado”, o BE apresenta quatro iniciativas
legislativas, sendo um projeto de lei e três de resolução. “Retirar
o impedimento de que, famílias que estejam à espera para o processo de
adoção, não possam ser também famílias de acolhimento. Pretendemos que
esse impedimento que atualmente existe, e que não faz sentido, seja
eliminado da lei e que famílias de acolhimento também possam ser
candidatas à adoção e, dessa forma, aumentar o número potencial de
famílias de acolhimento”, explicou a propósito do projeto de lei.Através
da mesma iniciativa, o BE quer acabar com “as restrições legais para
que o Estado apoie famílias que, pertencendo ao mesmo quadro familiar de
uma determinada criança, se ficarem com ela a seu cargo - um padrinho,
um tio mais afastado, um primo mais afastado - não têm o mesmo apoio
pecuniário que tem uma família de acolhimento”.“Essa
dificuldade económica por vezes limita as possibilidades de encontrar
saídas que não levem para a institucionalização da criança e, desse
ponto de vista, queremos também retirar esta limitação legal”, detalhou.Quanto
aos projetos de resolução (sem força de lei), o BE propõe a criação do
programa nacional para a prevenção dos maus tratos na infância e
“garantir também que, na formação que é dada a famílias de acolhimento e
de adoção, se possa dar uma maior facilidade para que crianças de uma
idade mais avançada possam ser adotadas”.“Ainda
no quadro da formação é importante para jovens institucionalizados que,
na sua passagem para a vida independente, lhes seja garantida a
formação necessária para eles fazerem essa transição”, acrescentou.Para
Pedro Filipe Soares, os números das institucionalizações são “tão
fortes e tão pesados” que obrigam a uma reflexão de toda a sociedade.