BE propõe intérpretes de língua gestual nos serviços públicos
4 de abr. de 2018, 09:16
— Lusa/AO online
"Estes
projetos de resolução que hoje apresentámos têm dois objetivos
principais: o primeiro prende-se com o acesso da comunidade surda aos
serviços públicos e o segundo à sua integração nas comunidades
educativas, na sua interação com os colegas e com a comunidade",
adiantou, em declarações à Lusa, o deputado regional do BE António Lima.Os
dois projetos de resolução, que darão entrada na Assembleia Legislativa
da Região Autónoma dos Açores, foram hoje apresentados à margem de uma
reunião do grupo parlamentar do BE com a Associação de Surdos da Ilha de
São Miguel, em Ponta Delgada.Uma
das iniciativas recomenda que o executivo açoriano disponibilize
intérpretes de língua gestual aquando das visitas de pessoas surdas a
serviços da administração pública regional, com especial atenção aos
serviços de urgência dos hospitais e centros de saúde.A
proposta defende ainda a realização de ações de formação e
sensibilização sobre a comunicação com a pessoa surda, dirigidas às
equipas médicas e outros funcionários do Serviço Regional de Saúde."O
acesso aos serviços públicos é um direito fundamental, como todos nós
reconhecemos e, como toda a gente pode perceber, uma pessoa surda que se
dirija a um serviço público, se não tiver intérpretes de língua gestual
que a possam acompanhar ou ajudar, terá grandes dificuldades de
comunicação, o que se traduz numa discriminação", frisou António Lima.A
proposta deixa em aberto a forma de concretizar a medida, mas o
deputado alega que a disponibilização pode ser feita, por exemplo,
através de protocolos com associações de surdos ou contratando
intérpretes.O
BE apresentou ainda um projeto de resolução que recomenda que o ensino
de língua gestual seja alargado de forma opcional aos alunos ouvintes,
nas escolas de referência, onde estão concentrados os alunos surdos da
região. "Isso
permitiria que os alunos não surdos aprendessem uma nova língua, o que
para eles seria uma mais-valia porque é uma língua oficial portuguesa, e
permitiria uma maior interação e comunicação com os colegas e com toda a
comunidade educativa", salientou o deputado do BE.A
iniciativa defende ainda a criação de um grupo de recrutamento de
docentes de língua gestual portuguesa, à semelhança do que existe no
continente português, já que atualmente os professores são recrutados
como técnicos ou formadores.