BE propõe fim das propinas nas licenciaturas e cursos técnicos superiores
29 de mar. de 2023, 09:24
— Lusa/AO Online
Num
projeto de lei entregue no parlamento, o BE propõe a alteração das
bases do financiamento do ensino superior, propondo a eliminação das
propinas nas licenciaturas, nos cursos técnicos superiores e mestrados
integrados e a criação de “um teto máximo para o valor das propinas de
2º e 3º ciclos de estudos no Ensino Superior Público”.“O
valor das propinas é, de facto, uma barreira para que os estudantes
possam manter-se no Ensino Superior ou até pensar em ingressar”,
referiu, em declarações à Lusa, a deputada do BE Joana Mortágua,
acrescentando que “os motivos económicos são o principal fator de
abandono escolar” neste período académico.Na
opinião de Joana Mortágua, “está na altura de reconhecer que as
palavras não podem ser vãs”, dando como exemplo as do Presidente da
República quando reconheceu que “as propinas são uma barreira ao Ensino
Superior” e à sua democratização, bem como “as palavras de todos
dirigentes do PS que tomaram posição” sobre este tema.“Isto
é um desafio a todos os deputados e deputadas de todos os partidos, mas
nomeadamente os do PS, que concordam que o financiamento público do
ensino superior é um desígnio nacional de desenvolvimento. É um desafio
para pôr em prática aquela que tem sido a retórica do PS. Veremos como é
que ela se concretiza”, disse.O BE,
segundo a deputada, apresentou a sua proposta de origem pelo fim das
propinas nos mestrados integrados, licenciaturas e cursos técnicos
superiores uma vez que se vinha de um caminho gradual de redução das
propinas desde a `geringonça´ que “foi interrompido e completamente
abandonado quando o PS ganhou a maioria absoluta”.“Os
sinais são contrários à ideia da descida das propinas, por isso é que
nós também queremos deixar já claro que, na nossa perspetiva, não se
pode fazer mais estrago e é, neste momento crítico para o país, que é
preciso dar um sinal de que a aposta é na educação, em trabalho
qualificado, nos direitos dos jovens”, defendeu.Joana
Mortágua garantiu que os bloquistas estarão “disponíveis para discutir
outras propostas que apareçam” mas o “problema é que do outro lado não
tem havido proposta nenhuma”.De acordo com
o projeto de lei do BE, estas alterações entrariam em vigor com o
Orçamento do Estado posterior à aprovação deste diploma, ou seja, apenas
no próximo ano porque “o fim das propinas implica que o Estado invista
nas universidades públicas para elas não dependerem de propinas”.“Esse
é que o grande problema. Hoje em dia, o subfinanciamento do ensino
superior é tão grande que as universidades dependem de taxas, taxinhas e
propinas para se autofinanciarem ou de dependências outras”, criticou,
considerando que se está “mais uma vez perante um problema de
subfinanciamento público de um serviço público de educação”.Na
semana passada, dezenas de personalidades assinaram um manifesto contra
o sistema de propinas proposto pela OCDE e defendem o seu fim gradual,
um texto subscrito pelo ex-ministro Manuel Heitor e a ex-secretária de
Estado adjunta e da Educação Alexandra Leitão, mas também pelos
bloquistas Joana Mortágua e José Soeiro, os deputados do PS Isabel
Moreira e Pedro Delgado Alves, professores universitários e dirigentes
ligados às associações de estudantes.