BE propõe alterar Orçamento Regional de 2023 para ter creches grátis nos Açores
24 de out. de 2022, 18:06
— Lusa/AO Online
"Tal
como já fizemos antes, vamos apresentar uma proposta para que, no
próximo ano, a gratuidade das creches se aplique a todos os pais. A
creche, tal como escola pública, deve ser algo gratuito e universal e
não deve olhar a rendimentos", afirmou o deputado António Lima.O
parlamentar e dirigente do Bloco nos Açores, falava, em declarações aos
jornalistas, após visitar uma creche na cidade de Ponta Delgada, em São
Miguel, acrescentando que a proposta inclui o aumento do investimento
em creches na Região, tendo em conta a "enorme lista de espera".António
Lima disse que o BE vê "com muita preocupação e estranheza" a
"intenção" do Governo Regional (de coligação PSD/CDS-PP/PPM) em
"retroceder" numa medida que "tinha prometido" para "esta legislatura",
nomeadamente "gratuidade" de creches para "todas as famílias"."O
vice-presidente do Governo referiu recentemente que quem paga creches
hoje em dia são famílias que ganham cinco mil euros por mês. O que não é
verdade. Com as regras que estão em vigor, uma família com dois
ordenados brutos de 1.200 euros já pode pagar creche, pagando logo 165
euros", apontou.Segundo o deputado do Bloco no parlamento regional, na creche que hoje visitou "36% das famílias ainda pagam creche"."Das
duas uma, ou nos Açores há muitos milhares de famílias a receberem
cinco mil euros ou então o senhor vice-presidente não está a dizer a
verdade", vincou.Para António Lima, não
faz sentido adiar mais esta medida, porque a creche deve ser vista como
"universal e gratuita independente do rendimento".Desde janeiro, nos Açores, existe isenção do pagamento das comparticipações familiares em creche até ao 13.º escalão."O
Governo em vez de investir e criar condições para os pais, nomeadamente
a gratuidade nas creches, decidiu criar o designado apoio à natalidade
que deixa de fora 73% das famílias dos Açores de sete concelhos
açorianos e aqueles com maior densidade populacional e maior risco de
pobreza", assinalou António Lima.O
deputado do BE no parlamento açoriano referia-se ao programa de apoio à
natalidade, criado pelo Governo Regional, designado “Nascer Mais”, para
combater o despovoamento de alguns concelhos da região, através da
atribuição de um apoio de 1.500 euros por criança.O
apoio traduz-se na disponibilização de um ‘plafond’ de 1.500 euros a
utilizar em qualquer farmácia da região, uma medida que resulta de uma
reivindicação do Chega, um dos partidos que garante apoio parlamentar ao
Governo de coligação PSD, CDS-PP e PPM, terá efeitos retroativos a 01
de janeiro de 2022.Para António Lima, trata-se de um apoio "discriminatório e injusto"."Este
apoio parece ser mais para garantir receitas às farmácias do que para
apoiar os pais, que têm despensas em supermercados em roupas e não
apenas nas farmácias. Alias, é tão preocupante que venha o deputado do
Chega justificar que a opção pelas farmácias foi para impedir que o
dinheiro fosse mal gasto. Isso é absolutamente lamentável que o Governo
dos Açores desconfie assim desta forma dos açorianos", apontou.No
entender do deputado, se o Governo quer implementar um apoio à
natalidade que "o crie para todos e não apenas para 12 concelhos".