BE, PCP e Chega votam contra reeleição de Von der Leyen, PS ainda indeciso

17 de jul. de 2024, 11:43 — Lusa/AO Online

Depois de terem preferido a candidata da Esquerda Europeia na terça-feira na votação para a presidência do Parlamento Europeu em vez de apoiar a reeleição de Roberta Metsola, do Partido Popular Europeu (PPE), o Bloco de Esquerda e o PCP vão ‘chumbar’ a alemã. O Chega terá o mesmo sentido de voto.Como justificações para o voto contra, a eurodeputada bloquista Catarina Martins enumerou, em declarações aos jornalistas portugueses à margem da sessão plenária, na cidade francesa de Estrasburgo, as “questões da guerra e da paz”, destacando a “forma dúplice como apoia Israel, que está a cometer um genocídio em Gaza com dinheiro e armas que são também europeus”.“Mas também com um pacote de governação económica que promete no futuro mais austeridade para a Europa, menos capacidade para os serviços públicos ou um vergonhoso pacto das migrações”, acrescentou.Pelo PCP, João Oliveira assinalou a “objeção de fundo” ao “rumo que constitui a eleição” da alemã para se manter como líder do executivo comunitário, justificando com questões relacionadas com a paz e problemas económico-sociais e ambientais.O eleito do Chega António Tânger Corrêa também rejeitou tal apoio: “Isso está fora de questão”.Ainda por decidir está o voto do PS. Escusando-se a falar pelos socialistas europeus, Marta Temido indicou sem precisar estarem ainda por esclarecer “dúvidas de detalhe de pontos colocados em cima da mesa” pelo grupo dos Socialistas e Democratas (S&D).“Nós somos confiáveis em relação àquilo que assumimos como compromissos”, os quais “não têm por base posições, mas conteúdos políticos e, portanto, […] têm de ser respeitados”, disse ainda, numa alusão ao acordo partidário alcançado entre o PPE, S&D e Liberais sobre os cargos de topo europeus.Ao centro e direita, é consensual o apoio a Von der Leyen, com o eurodeputado da IL João Cotrim de Figueiredo a afirmar que, a seu ver, “o acordo está suficientemente equilibrado para poder merecer uma votação favorável”.O parlamentar liberal indicou que, por exemplo, a posição crítica da alemã sobre a presidência húngara da UE responde às suas “dúvidas” sobre salvaguarda do Estado de direito da União Europeia.O eurodeputado do PSD Sebastião Bugalho estimou uma vitória de Von der Leyen, uma vez que o “bom resultado” alcançado por Metsola “prova que é possível que as famílias europeias, mesmo quando divergem, conseguem encontrar consensos quando é necessário”.Também Ana Pedro, do CDS, disse esperar “um bom resultado”, embora admitindo que “todos os votos contarão” e que, para tal, será necessário que “todas as forças políticas que estão neste acordo cumpram a sua parte do acordo”.A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, vai na quinta-feira ‘lutar’ por um segundo mandato à frente da instituição, necessitando de pelo menos 361 votos a favor dos eurodeputados para o conseguir.A votação surge após a responsável se ter vindo a reunir com algumas bancadas parlamentares (como Socialistas, Liberais, Verdes e Conservadores) para apelar ao aval destes parlamentares para um novo mandato de cinco anos.Hoje mesmo, os Europeus Conservadores e Reformistas colocaram-se ao lado da maioria da assembleia europeia no apoio à Ucrânia, procurando, assim, demarca-se do cordão sanitário à extrema-direita em vésperas da votação para a reeleição de Úrsula von der Leyen à frente da Comissão Europeia.A primeira mulher na presidência da Comissão Europeia foi aprovada pelo Parlamento Europeu em julho de 2019 com 383 votos a favor, 327 contra e 22 abstenções, numa votação renhida.