BE leva cumprimento da legislação laboral portuguesa à AR
Lajes
4 de abr. de 2019, 09:47
— LUSA/AO Online
"Os direitos dos trabalhadores não podem, de
forma alguma, ficar na boa-fé, têm de ser realmente concretizados. O
nosso projeto de resolução visa que estas reivindicações apresentadas
por estes trabalhadores tenham efetivamente execução”, adiantou a
coordenadora da Comissão de Ilha da Terceira do Bloco de Esquerda,
Alexandra Manes.A dirigente bloquista
falava, em declarações aos jornalistas, à margem de uma reunião com os
membros da Comissão Representativa dos Trabalhadores (CRT) portugueses
da base das Lajes, que decorreu em Angra do Heroísmo. O
projeto de resolução do BE vai recomendar ao Governo da República que
leve as reivindicações dos trabalhadores portugueses na base das Lajes,
localizada na ilha Terceira, nos Açores, à próxima reunião da Comissão
Bilateral Permanente entre Portugal e os Estados Unidos da América.Em
causa, estão, por exemplo, o acesso à medicina do trabalho, o direito à
licença de parentalidade, o reconhecimento do estatuto de
trabalhador-estudante e a dispensa para desempenho de funções em órgãos
políticos para os quais foram eleitos.A
coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, já tinha alertado
para o incumprimento de direitos laborais na base das Lajes, em setembro
de 2018, à margem de uma visita à ilha Terceira.“É
preciso dizer que isto é território português e, portanto, o Estado
português não pode fechar os olhos a não se cumprir a legislação e as
obrigações que todos os trabalhadores têm de ter”, adiantou, na altura.Catarina
Martins considerou a falta de medicina do trabalho, particularmente
“grave”, tendo em conta que o uso das infraestruturas militares pela
Força Aérea norte-americana provocou a contaminação de solos e aquíferos
no concelho da Praia da Vitória. “Assumimos
que há um problema ambiental provocado, nomeadamente por combustíveis e
outros e, depois, os trabalhadores que estão mais expostos não têm, de
facto, o rastreio da sua saúde ao longo do tempo”, apontou.Segundo
Alexandra Manes, passados seis meses, os 417 trabalhadores portugueses
na base das Lajes continuam sem acesso a direitos consagrados na
legislação portuguesa e exigidos às empresas portuguesas.A dirigente bloquista salientou, por outro lado, que não houve uma atualização da tabela salarial na base das Lajes.“Neste momento, o ordenado mínimo que é pago na base é inferior ao nosso salário mínimo”, salientou.