BE e PSD dos Açores querem auditoria do Tribunal de Contas à SATA
27 de jan. de 2021, 15:12
— Lusa/AO Online
O
anúncio foi feito durante o plenário do parlamento regional, que
decorre via 'online' devido à pandemia da Covid-19, a propósito de uma
intervenção política do BE sobre a situação na transportadora aérea
regional.O líder parlamentar do Bloco,
António Lima, considera que o atual executivo regional – empossado em
novembro de 2020 – “começou mal”, ao anunciar que a companhia teria de
devolver 73 milhões de euros à região devido às injeções de capital
realizadas pelos anteriores Governos Regionais e que estão a ser
investigadas pela Comissão Europeia. “Afinal,
entre dívidas conhecidas e desconhecidas e novas ajudas no valor de 19
milhões - a SATA só teria de devolver menos de dois milhões. Uma feliz
contabilidade criativa, selada com um acordo de cavalheiros, entre o
Governo e a Comissão, mas que afinal uma das partes não confirma”,
acrescentou António Lima.O BE criticou a
“opacidade” que o executivo regional, de coligação PSD/CDS/PPM, mantém
sobre a SATA, sobretudo por não divulgar o plano de reestruturação, e
anunciou que irá propor uma auditoria do Tribunal de Contas à empresa.“Se
o Governo Regional quer transparência sobre a SATA então deve
acompanhar o que o Bloco de Esquerda há muito defende e voltará a
propor: uma auditoria às contas da SATA por uma entidade isenta e
independente: o Tribunal de Contas”, afirmou.Destacando
que a SATA perdeu 260 milhões de euros em oito anos, o deputado do PSD
António Vasco Viveiros salientou que as “soluções hoje em dia são
condicionadas pelos erros do passado” e anunciou um pedido de auditoria
ao Tribunal de Contas.“O grupo parlamentar
do PSD irá apresentar um projeto de resolução na assembleia, tão cedo
quanto possível, pedindo que a assembleia recomende ao Tribunal de
Contas que realize uma auditoria às contas da SATA no período 2012 a
2020”, declarou.Do lado do Governo
Regional, o secretário das Finanças e Administração Pública, Joaquim
Bastos e Silva, afirmou que a dívida de 52 milhões da SATA é uma “dívida
completamente documentada” e que “não tem qualquer criatividade”.Bastos
e Silva avançou que o executivo regional irá aprovar o plano de
reestruturação, que neste momento “está a ser devidamente acertado” com
os sindicatos, para depois ser apresentado ao parlamento.Sobre
o pagamento da dívida da região à SATA, o deputado do PS Francisco
César disse que a operação anunciada pelo executivo açoriano “culmina em
a SATA dar exatamente ao Governo aquilo que o Governo deu à SATA no
passado”.“O Governo anterior [PS] tinha no
seu orçamento de 2020 cerca de 75 milhões para obrigações de serviço
público e devia [à SATA] cerca de 24 milhões em 2019. Aquilo que nós
sabemos é que em 2020 nós pagámos cerca de 75 milhões”, apontou.Do
lado do CDS-PP, Rui Martins criticou a postura do Bloco por querer
“manter tudo na mesma” na companhia, “ao mesmo tempo que diz querer uma
reestruturação”, defendendo que não deviam ser criadas “suspeições
infundadas” sobre a gestão da empresa.Sobre
a intervenção do BE, o deputado do Chega Carlos Furtado disse ser
“pouco só criticar”, sendo necessário “apresentar soluções”.O
deputado liberal Nuno Barata criticou o atual conselho de administração
da SATA, que diz “estar a servir-se da companhia” e considerou
“fundamental” que o parlamento fiscalize “todos os contratos” feitos
pela administração.Em meados de agosto de
2020, a Comissão Europeia deu ‘luz verde’ a um auxílio estatal português
de 133 milhões de euros à transportadora aérea açoriana SATA, mas abriu
uma investigação para avaliar o cumprimento das normas comunitárias em
três apoios públicos à companhia.Esse auxílio estatal não está em causa, independentemente do desfecho da investigação aos apoios públicos.As
dificuldades financeiras da SATA perduram desde, pelo menos, 2014,
altura em que a companhia aérea detida na totalidade pelo Governo
Regional dos Açores começou a registar prejuízos, entretanto agravados
pela pandemia de Covid-19.Foi devido a
essas dificuldades que a Região Autónoma dos Açores aprovou, desde 2017,
três aumentos de capital na companhia aérea, para colmatar carências de
liquidez.