BE critica Governo por “empurrar com a barriga” soluções para “problemas estruturais do país”
Estado da Nação
18 de jul. de 2022, 14:00
— Lusa/AO Online
“O
estado da nação pode ser, em parte, respondido pelo estado da
governação e, para o Governo, parece que o lema é: ‘o país segue dentro
de momentos’”, criticou Pedro Filipe Soares em declarações à agência
Lusa, no âmbito do debate sobre o Estado da Nação, que decorre esta
quarta-feira na Assembleia da República. Segundo
o líder parlamentar do Bloco de Esquerda (BE), “há problemas
estruturais que estão hoje a afetar a vida das pessoas que deveriam ter
sido acautelados e prevenidos e o
Governo tem-se escudado sempre quando chega o momento de tomar
decisões”. Após o BE ter sido um dos
principais parceiros da ‘geringonça’ – até votar contra as propostas de
Orçamento do Estado em 2020 e 2021 –, Pedro Filipe Soares frisou que,
comparando esse período com o da atual maioria absoluta, “o Governo não
mudou, piorou”.“Se já antes não ouvia a
oposição e, quando o BE tinha alguma capacidade de influência, [o
Governo] rejeitava essa capacidade (…), agora ainda está pior. A maioria
absoluta funciona sempre como um enorme tampão nos ouvidos dos
governantes”, sublinhou.Pedro Filipe
Soares destacou a necessidade de uma resposta para o “aumento do custo
de vida, quer pela parte dos salários, quer pela parte do controlo de
preços”, apelando ainda a que se “garanta que não há abusos que
prejudiquem ainda mais as pessoas neste momento de crise”.“Nós
olhamos para os lucros da Galp, da EDP, para os lucros do Pingo Doce,
do Continente, e nós percebemos que estes lucros aumentam à medida que a
crise se agiganta no nosso país, e eles fazem parte daqueles que estão a
lucrar com a desgraça alheia”, indicou. No
entanto, o líder parlamentar do BE reiterou que o “Governo recusa fazer
qualquer coisa” sobre estes assuntos, preferindo “empurrar com a
barriga todas as soluções para os problemas”.“Vemos,
portanto, um Governo que, sobre os problemas estruturais do país – as
alterações climáticas, o aumento do custo de vida, a inflação – não toma
medidas, deixa que esses problemas se avolumem, se agigantem, na
expectativa que a realidade os resolva por obra e graça do funcionamento
normal da vida”, frisou. Para Pedro
Filipe Soares, “um Governo que não governa, toma uma escolha” por
aqueles que “vivem à custa dos demais” e por “uma pequena elite que está
a beneficiar enquanto a larga maioria” do povo “está a ficar
prejudicada com esta governação”. O estado
da nação “é, portanto, o estado de uma nação que empobrece, porque o
Governo não decide como deveria decidir”, considerou.Projetando
as prioridades legislativas do BE para setembro – quando o parlamento
retomar os trabalhos após interrupção para férias –, Pedro Filipe Soares
frisou que o seu partido irá dar “corpo a um conjunto de iniciativas
para salvaguardar o poder de compra das pessoas, quer no salário, quer
por via dos serviços públicos, quer por via da necessidade de
materialização dos direitos, seja na habitação, seja nos transportes
públicos”.