BE acusa Câmara da Praia da Vitória de não ouvir locais sobre legalização de bairro
5 de fev. de 2019, 16:29
— Lusa/AO Online
"Os
moradores, desde o anúncio público do acordo alcançado entre o
presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória e os proprietários
dos terrenos, reuniram-se uma única vez com o presidente da autarquia,
não lhes tendo sido dada a oportunidade de participar na delineação dos
trâmites que levarão à transmissão dos terrenos, assim como do
tratamento das 'áreas comuns', infraestruturação e legalização do
bairro", acusam os deputados bloquistas, num requerimento divulgado
hoje.O BE
solicitou a audição do presidente da autarquia e da secretária regional
da Solidariedade Social na Comissão de Política Geral da Assembleia
Legislativa dos Açores, alegando que não está a ser cumprida uma
resolução aprovada em setembro de 2018, que previa o envolvimento dos
deputados e dos moradores do Bairro de Santa Rita "em todas as fases da
resolução do processo".Segundo
os deputados bloquistas, há um "total alheamento dos moradores e dos
deputados da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores sobre o
desenrolar de todo este processo", tendo os moradores sido informados
apenas da "elaboração de um levantamento socioeconómico aos agregados
familiares do bairro conducente à definição de critérios para
transmissão dos terrenos".Em
causa está um bairro construído na década de 1950, em terrenos
alugados, para acolher militares norte-americanos colocados na base das
Lajes, numa altura em que o parque habitacional da ilha Terceira tinha
uma capacidade limitada. Na
década de 1990, as casas foram vendidas a portugueses, mas os terrenos
nunca chegaram a ser comprados e o diferendo entre moradores e
proprietários arrastou-se durante anos nos tribunais, envolvendo cerca
de uma centena de famílias.Desde
2003 que a maioria dos moradores deixou de pagar rendas, segundo dizem,
por recomendação da Câmara Municipal, o que motivou vários despejos: o
primeiro em 2015 e outros 13 em 2018.Em
setembro do ano passado, a Câmara Municipal da Praia da Vitória chegou a
acordo com os proprietários para adquirir os terrenos por quatro
milhões de euros, em quatro anos, vendendo-os posteriormente aos
moradores.A
autarquia estima assinar o contrato de aquisição dos terrenos "até
março", contando com apoio financeiro do Governo Regional dos Açores e
do Governo da República, numa fase inicial.