BE/Açores vota contra orçamento de 2023 e "irresponsabilidade" de Governo e parceiros
23 de nov. de 2022, 20:11
— Lusa/AO Online
“De
irresponsabilidade em irresponsabilidade, o Governo, a IL e o Chega
comprometem o futuro ao falhar aos açorianos e açorianas hoje, em nome
dos amanhãs que cantam. De nada serve dizer, como a IL, que quem tem
ódios de estimação não pode governar [referência a afirmação dirigida
pelo deputado da IL ao vice-presidente do Governo, do CDS-PP], se no dia
seguinte, aprova mais um orçamento”, afirmou António Lima.O
deputado no BE fazia a intervenção final do debate sobre o Plano e
Orçamento, que devem começar a ser votados na quinta-feira na Assembleia
Legislativa, na Horta.De acordo com o
parlamentar, as propostas apresentadas pelo BE aos documentos “servem,
acima de tudo, para apresentar um caminho diferente e sinalizar falhas
concretas”, porque “é preciso uma nova política e um outro orçamento”.“Não
há responsabilidade num governo que não toma medidas para aumentar
salários numa altura em que estes são cada vez mais atacados pela
inflação” ou “num governo que herdou uma saúde de rastos e investe cada
vez menos nela”, disse António Lima, acrescentando não haver
"responsabilidade num governo que corta no investimento público não
respondendo hoje aos problemas da região, deixando mais de 800 crianças
sem vaga em creche”.António Lima indicou
ainda que “não há responsabilidade num governo que coloca em causa o
futuro ao promover a mineração do mar profundo” ou que, “por mero
orgulho e para proteger a saúde da coligação, recusa um pedido de
desculpa a quem ofendeu [médicos], colocando em risco a saúde na
região”.“A forma como o vice-presidente
atacou os médicos é mais uma demonstração de que quem se mete com o CDS
leva. E de que no HDES [Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta
Delgada] manda o CDS”, acusou, considerando que se assiste “à maior
partidarização de sempre das instituições públicas na autonomia
regional”.Por outro lado, acrescentou,
“não há responsabilidade num governo que descarta centenas e centenas de
trabalhadores que durante anos garantiram o funcionamento dos serviços
públicos, das escolas à saúde”, nem no que “privatiza o maior garante
dos açorianos à mobilidade [a SATA – Azores Airlines], colocando em
risco as ligações diretas com o exterior a milhares de açorianos”.“Não
há desenvolvimento sem uma política cultural. E nesta área, sempre
esquecida, há menos investimento e nenhuma política. Sufocam-se os
agentes culturais com atrasos nos apoios e não se vê qualquer
compromisso com o projeto transformador que a capital europeia da
cultura pode ser”, alertou.De acordo com
António Lima, “não há responsabilidade quando se cortam 140 milhões de
euros no investimento público, quando os Açores mais precisam”.“O
orçamento falha em responder às consequências da pandemia [de
covid-19], aos efeitos de uma guerra, à crise inflacionista e não tem em
conta os alertas para o risco de recessão de todas as instituições
internacionais”, lamentou, considerando que “de pouco servirão os
aumentos nos apoios sociais, se em 2023, por consequência de um
orçamento que desiste dos Açores, a recessão se instalar e o desemprego
crescer”.António Lima alertou também que
“cortar no investimento público, promovendo a contração da economia,
pode levar ao aumento da dívida pública face ao PIB [Produto Interno
Bruto], o contrário do pretendido, mesmo sem recurso a nova dívida”,
salientando que “um orçamento não é apenas investimento, receitas e
despesas”, é um instrumento para tomar decisões, cumprir um programa
político e uma estratégia de desenvolvimento.Contudo, avisou, “para o governo a redução da dívida é um fim em si mesmo”. “Quase
tudo o resto é deixado nas mãos da economia de mercado e o orçamento
serve apenas para mitigar a pobreza com pequenos apoios sociais”,
indicou.O Orçamento dos Açores para 2023,
de cerca de 1,9 mil milhões de euros, começou na segunda-feira a ser
debatido no plenário da Assembleia Legislativa Regional.