BE/Açores rejeita coligações mas admite apoiar movimentos de cidadãos
Autárquicas
18 de mai. de 2021, 10:39
— Lusa/AO Online
Na
única moção global, denominada “Combater as desigualdades, construir o
caminho à esquerda”, António Lima, que se recandidata na VII Convenção
Regional do BE/Açores, declara que na região o Bloco apresentará nas
eleições autárquicas “listas próprias, abertas à participação de
candidatos independentes e não realizará coligações, nem com a direita,
nem com o PS, podendo apoiar movimentos de cidadãos”.A
convenção do BE/Açores, onde será eleita a direção regional do partido
para os próximos dois anos, esteve inicialmente marcada para 2020, mas
acabou por ser adiada devido à pandemia de Covid-19.No
quadro da pandemia, o dirigente do BE/Açores considera que o “lento
arranque do processo de vacinação na Europa, a par do fraco apoio à
economia, ao emprego e em apoios sociais, atrasará a retoma, causando
mais falências e desemprego, com consequente aumento das desigualdades e
da pobreza, o que nos Açores, a região do país com maiores níveis de
pobreza, é dramático”.Para António Lima, o
Governo da República “age como se governasse em maioria absoluta,
desrespeitando até o próprio Orçamento do Estado, como se verifica com a
opção de não escolher um novo terreno para o Estabelecimento Prisional
de Ponta Delgada, como determinava o Orçamento do Estado de 2020, por
proposta do Bloco de Esquerda”. “O BE/
Açores continuará a exigir o cumprimento dos compromissos assumidos, mas
também o cumprimento de todas as responsabilidades do Governo da
República na região. O Governo da República deve ser um parceiro dos
grandes projetos de desenvolvimento nos Açores, como aqueles que dizem
respeito à investigação do mar”, refere-se na moção global.No
texto, o líder do BE/Açores recorda ainda que o partido “opôs-se desde a
primeira hora ao regresso da direita ao poder nos Açores com o apoio de
um partido de extrema-direita assumidamente racista e xenófobo”.António
Lima salvaguarda, contudo, que “apesar da avaliação negativa” que faz
dos governos socialistas na região, o BE/Açores “tomou a opção correta
ao afirmar que, se necessário fosse, viabilizaria o programa de governo
do PS para evitar que a direita apoiada na extrema-direita chegasse ao
poder”. Na perspetiva do Bloco, após 24
anos de governos socialistas no arquipélago, o PS “manteve os Açores
como região pobre, desigual, com baixos níveis de escolaridade e sem
perspetivas de futuro”.“Essa política
abriu espaço à direita e à extrema-direita, que culpam as falsas
políticas socialistas que o PS implementou durante duas décadas e que
pouco diferem daquelas que eram propostas por essa mesma direita”, lê-se
no documento.Para António Lima, a
formação de um governo de direita nos Açores com o apoio da extrema
direita “significou o fim de qualquer ideia de cordão sanitário à
extrema-direita em Portugal”, sendo que a “direita açoriana, liderada
pelo PSD, abriu os braços ao Chega logo à primeira oportunidade”.O
Governo Regional dos Açores, de coligação PSD/CDS-PP/PPM e liderado
pelo social-democrada José Manuel Bolieiro, é suportando no parlamento
açoriano pelos partidos do governo, pela Iniciativa Liberal e pelo
Chega.Considerando que a saída do PCP do
parlamento dos Açores “constitui um retrocesso para a esquerda”, o
BE/Açores propõe-se ainda defender políticas de proteção ambiental e
bem-estar animal e “trabalhar pelo desenvolvimento económico cada vez
mais assente na ciência e na tecnologia”.“Estaremos
sempre na linha da frente pela defesa da igualdade de género.
Manteremos a nossa luta contra a desigualdade salarial entre homens e
mulheres, pela igual participação e representação política e pelos
direitos das pessoas LGBTQI+ [(Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e
Intersexo]. Combateremos o assédio, a violência sexual e violência de
género”, sustenta-se no moção.O BE/Açores
considera também ser “urgente uma integração de precários da
administração pública que seja abrangente, democrática e célere, como
tem proposto o Bloco”, sendo que os subsídios à criação e manutenção de
postos de trabalho “só devem apoiar a criação de emprego estável, com
direitos”.O Bloco “continuará a lutar por
uma política de resíduos que defenda o ambiente, com o horizonte do
objetivo zero resíduos, rejeitando a construção de novas incineradoras
nos Açores”, é ainda referido na moção.O
BE/Açores defende ainda ser “urgente um novo plano de ordenamento
turístico que rejeite a contínua proliferação de grandes empreendimentos
e aposte num turismo ecológico e sustentável” e preconiza um “reforço
da democracia e da autonomia, mantendo a interdependência de poderes no
sistema político regional e a consensual extinção do cargo de
representante da República”.