BE/Açores questiona governo sobre "negócio de milhões" da compra de combustível
26 de jun. de 2024, 14:51
— Lusa
Num
comunicado de imprensa, o partido refere que "entre 2009 e 2021 a EDA –
empresa maioritariamente pública, mas detida em 39% pelo Grupo Bensaúde
– pagou à BENCOM – empresa totalmente detida pelo Grupo Bensaúde – 22
milhões de euros acima do valor aceite" pela Entidade Reguladora dos
Serviços Energéticos (ERSE)."A análise dos
relatórios e contas da EDA e da BENCOM permitem concluir que, por
exemplo, nos anos de 2018, 2019 e 2020, 90% das vendas da BENCOM foram
feitas à EDA. Além disso, a fórmula criada para determinar o preço de
venda do fuelóleo à EDA permitiu uma taxa de rendibilidade à BENCOM
superior a 14%, quando a rendibilidade média deste setor é de apenas
2%", aponta o deputado único do BE/Açores, António Lima.No
requerimento, o deputado questiona que "diligências estão a ser
efetuadas pelo Governo Regional para assegurar o fornecimento de
combustível para a produção de energia pela EDA com maior transparência"
e com "melhores condições financeiras e ambientais para a região a
partir de janeiro de 2025, altura em que termina o atual contrato de
exclusividade celebrado por ajuste direto com a BENCOM, do Grupo
Bensaúde".O contrato, celebrado por ajuste direto com a BENCOM, "rendeu 375 milhões de euros à empresa, entre 2013 e 2021", sublinha.O
Bloco lembra que em janeiro de 2023 o parlamento dos Açores aprovou,
com o voto favorável de todos os partidos, uma resolução sua a
recomendar ao Governo Regional a realização de estudos – com a devida
antecedência – para encontrar a melhor solução para o modelo de
fornecimento de combustível para a produção de energia a partir de
janeiro de 2025.No requerimento é
perguntado que trabalho foi já desenvolvido neste sentido e que
entidades estiveram envolvidas nos estudos que o parlamento recomendou,
sublinhando-se que em causa está "uma questão estratégica" para o
arquipélago."Esperar por uma solução de
última hora, em vez de estudar todas as soluções alternativas
atempadamente, é permitir que a empresa BENCOM […], que já presta este
serviço, fique numa posição dominante na negociação, o que poderá ser
extremamente prejudicial para a região, não só em termos económicos –
caso não seja avaliada a hipótese de conseguir um serviço mais barato –,
mas também em termos ambientais – caso não sejam avaliadas alternativas
ao fuelóleo, que é extremamente poluente", lê-se.No
requerimento dirigido à Secretaria Regional do Turismo, Mobilidade e
Infraestruturas, António Lima defende que é fundamental ter em conta as
condições do atual fornecimento de combustível para a produção de
energia elétrica nos Açores, para "perceber a dimensão do que está em
causa e a importância de se preparar esta matéria a partir do início de
2025".Por isso, o Bloco considera que, a
partir do próximo ano, o fornecimento de combustível para a produção de
energia "tem que ser mais transparente e o executivo deve utilizar todos
os instrumentos disponíveis na legislação para a contratação pública
para garantir um negócio favorável” ao arquipélago.