BE/Açores questiona Governo Regional sobre festival musical nas Sete Cidades
13 de jun. de 2022, 13:33
— Lusa/AO Online
Aquela força
política, num requerimento entregue na Assembleia Legislativa Regional,
pretende apurar “em que área exata se irá realizar o festival de música”
'Atlantis Concert for Earth', a “lotação máxima e que diligências estão
a ser tomadas pelo Governo para garantir a ausência de impactos
negativos significativos na ecologia da área de paisagem protegida,
nomeadamente sobre a avifauna”.“Este
festival de música nas Sete Cidades é passível de concentrar dezenas de
milhares de pessoas em simultâneo na área de paisagem protegida das
Sete Cidades, sendo que os mapas de localização do espetáculo indicam
que o mesmo se realizará nas margens da Lagoa Azul, local mais sensível
ambientalmente e onde nidificam as aves aquáticas”, destacam os
deputados do Bloco.De acordo com o
BE/Açores, o plano de gestão das áreas terrestres do parque natural da
ilha de São Miguel “condiciona as atividades recreativas e turísticas ao
cumprimento de objetivos com hierarquia mais elevada, como a
preservação das espécies e dos ecossistemas”.“Estes
objetivos de preservação da qualidade ambiental e paisagística são
também determinados pelo Plano de Ordenamento da Bacia Hidrográfica da
Lagoa das Sete Cidades, sendo as atividades de recreio, lazer, lúdicas,
desportivas e eventos turísticos e culturais sujeitas a parecer
vinculativo do departamento do Governo Regional com competência em
matéria de ordenamento do território”, refere o Bloco.Segundo
o BE/Açores, a “concentração de pessoas, principalmente se ocorrer
próximo das margens das lagoas, é suscetível de perturbar muito
significativamente as populações de aves residentes e migratórias e é
passível de fortes perturbações no ecossistema, para além do risco de
deposição de resíduos nas margens e na massa de água”.O
Bloco quer “garantias por parte do Governo Regional de que os resíduos
produzidos pelos milhares de pessoas não acabem na massa de água da
lagoa das Sete Cidades”, bem com considera “ser fundamental o cabal
esclarecimento sobre a realização deste festival em zona de paisagem
protegida, assim como conhecer os diversos estudos e pareceres que
possam ter levado à sua autorização e as eventuais condicionantes
impostas pelo Governo Regional”.Aquela
força política recorda que o complexo vulcânico das Sete Cidades “está
classificado como Sítio Ramsar (Convenção sobre as Zonas Húmidas de
Importância Internacional), que para além da sua importância
paisagística, constitui um importante local de nidificação e descanso
para aves migratórias, principalmente patos e limícolas, assim como é
local de nidificação de diversas espécies residentes”.O
BE/Açores “quer, assim, ver esclarecido se foram propostas, pelo
Governo Regional ou pelo departamento do governo regional competente,
localizações alternativas suscetíveis de causar menores impactos
ambientais, que condicionantes foram impostas ao promotor do evento como
condição para o seu licenciamento e se foram atribuídos apoios públicos
à sua realização”.Associações
ambientalistas dos Açores já criticam a localização do festival musical
projetado para as Sete Cidades, na ilha de São Miguel, mas o Governo
Regional e a organização do evento afirmam que os impactos ambientais
estão salvaguardados.O ambientalista
Filipe Tavares, da Associação Regional para a Promoção e Desenvolvimento
do Turismo, Ambiente, Cultura e Saúde (ARTAC), considerou, em
declarações à agência Lusa, que a “dimensão do evento em causa é
bastante relevante naquele contexto e a localização, de facto, não é a
mais adequada para o que se pretende fazer”.Rui
Coutinho, do núcleo de São Miguel da associação ambientalista Quercus,
considerou que, face à “realização de um evento com as caraterísticas do
que agora se pretende, seguramente existiriam locais, na ilha de São
Miguel, também muito interessantes e onde se produziria um impacto muito
menor”.O secretário regional do Ambiente e
Alterações Climáticas, também em declarações à Lusa, referiu que foi
exigido ao promotor do evento um conjunto de documentos, "incluindo uma
avaliação ambiental e da capacidade de carga, mapas da zonas de
estacionamento, um documento a comprovar que o festival é 'carbon zero',
um levantamento topográfico, um mapa do festival".Foi
ainda exigido "um memorando de geologia e vulcanologia, um parecer
elaborado da Universidade dos Açores, pelo Departamento de Biologia, e
um plano de prevenção e de segurança".