BE/Açores quer alterar critérios de definição de funcionários por escola
3 de nov. de 2021, 11:38
— Lusa/AO Online
“Se
hoje em dia houvesse, por exemplo, um número de pessoas ao abrigo de
programas ocupacionais a faltarem à escola, muitas escolas não abririam
as portas e isso é a visão bem clara do estado que nós temos na região
neste momento”, afirmou, em declarações aos jornalistas, a
deputada do Bloco de Esquerda Alexandra Manes.A
parlamentar falava à margem de uma reunião com o conselho executivo da
Escola Básica e Secundária Tomás de Borba, em Angra do Heroísmo.O
BE entregou na Assembleia Legislativa dos Açores uma proposta de
alteração ao decreto legislativo regional que estabelece um rácio de
alunos por cada assistente operacional nas escolas da região.Além
do número de alunos, o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda propõe
que sejam tidas em consideração, na definição do número de funcionários,
as valências de cada escola.“Aditamos,
por exemplo, a existência de equipamentos desportivos, aditamos também a
existência de laboratórios, porque os laboratórios necessitam de
pessoas que preparem as aulas e limpem os equipamentos, também incluímos
a existência de ensino artístico e profissional, porque requer mais
pessoas”, exemplificou Alexandra Manes.Outro
dos critérios que o BE quer que sejam tidos em conta é a existência de
pessoas ao abrigo de programas ocupacionais “que estão a desempenhar
realmente funções de caráter permanente”.“Se
existem pessoas que estão a ganhar muito menos, que não têm direitos,
mas que são responsáveis pela entrada e saída da escola e pela segurança
dos alunos, percebemos que há realmente a necessidade de contratar 'x'
funcionários”, frisou a deputada bloquista.Segundo
Alexandra Manes, há uma “constante rotatividade de programas
ocupacionais” nas escolas, que acabam por “não assegurar um caráter
vinculativo” a estas pessoas.“Não estamos a
dizer que as pessoas ao abrigo de programas ocupacionais não possam
estar aqui, porque temos sempre de avaliar o caráter formativo e de
qualificação das pessoas que vêm ao abrigo destes programas. Não podemos
é tornar destas pessoas o fator chave do funcionamento de uma escola”,
apontou.Sem acesso a números concretos, a
parlamentar do BE disse que há uma “falta gritante de assistentes
operacionais nas escolas” dos Açores e que o reforço de pessoal “passa
sempre por ir buscar mais [pessoas a] programas ocupacionais”.A
deputada lembrou que na anterior legislatura o Bloco de Esquerda já
tinha proposto uma alteração ao critério de definição do número de
assistentes operacionais por escola, através de um projeto de resolução,
chumbado apenas pelo PS, que tinha maioria no parlamento açoriano.Alexandra
Manes mostrou-se confiante de que a proposta será “bem recebida”, tanto
pelo Governo Regional, como pelos partidos que agora integram a
Assembleia Legislativa.“Se estamos todos
unidos para o sucesso escolar, o sucesso escolar não deriva só de os
alunos estarem sentados na sala, deriva de todo um conjunto de coisas
que são necessárias ao funcionamento da escola”, reforçou.Em
outubro, na sessão plenária da Assembleia Legislativa dos Açores, a
secretária regional da Educação, Sofia Ribeiro, disse que tinham sido
integrados mais de 200 trabalhadores não docentes nos quadros das
escolas, “até então em contratos a termo ou em programas ocupacionais”,
no âmbito de um regime excecional para os funcionários públicos.A
governante adiantou ainda que a tutela estava a analisar as carências
das escolas, “seguindo critérios funcionais e de reforço das equipas
multidisciplinares”, referindo-se ao pessoal não docente.