BE/Açores propõe substituição de Representante da República por figura eleita
6 de fev. de 2019, 16:57
— Lusa/AO Online
O
líder do Bloco de Esquerda Açores, António Lima, apresentou, em
conferência de imprensa na sede do partido, em Ponta Delgada, as
propostas que foram entregues na Assembleia Legislativa Regional no
âmbito da Comissão Eventual para a Reforma da Autonomia (CEVERA).A
nível constitucional, o grupo parlamentar do BE defende o fim da
proibição da existência de partidos regionais, bem como que seja
inscrito na Constituição, “de forma clara e inequívoca, que a região tem
poderes de ordenamento e gestão sobre o seu mar”.Os
bloquistas propõem, também, a substituição da figura do Representante
da República, atualmente nomeada pelo Presidente da República, por “uma
figura institucional eleita, por maioria de dois terços", pelo
parlamento regional, figura que manteria “todas as competências
políticas e jurídicas que cabem ao atual Representante da República”.O
partido disse ainda que discorda da proposta do PS, que também defende a
eliminação da figura do Representante da República e propõe a criação
do Provedor da Autonomia, mas manteria apenas “o direito de verificação
da constitucionalidade, eliminando os outros poderes”, como o veto
político”.Para
o BE/Açores, “esta formulação dá ao Presidente do Governo [Regional],
quer do ponto de vista político, quer formal, um poder desmedido”,
acrescentando que, “em cenários recorrentes de maioria absoluta, onde o
parlamento é frequentemente instrumentalizado, a democracia fica em
défice claro”.Evidenciando
que a iniciativa de revisão constitucional é da competência da
Assembleia da República e, “tendo em conta que a iniciativa de revisão
do Estatuto [Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores] cabe
unicamente à região”, o grupo parlamentar sugere somente alterações ao
documento.As
propostas incluem a possibilidade de um grupo de cidadãos concorrer às
eleições legislativas regionais, o aprofundamento da “capacidade de
decisão sobre o mar adjacente à região pelos órgãos de governo próprio” e
o aumento da “capacidade de ação e intervenção, no atual quadro
constitucional, dos órgãos de governo próprio no que diz respeito aos
tratados e acordos internacionais que impliquem, direta ou
indiretamente, com a região”.No
plano eleitoral, o BE dos Açores defende “a paridade total nas listas
candidatas à Assembleia Legislativa, assim como a disposição intercalada
entre géneros” e critica a proposta de alteração à lei eleitoral para o
Parlamento Europeu apresentada pelo PS, que prevê a criação de círculos
eleitorais regionais para os Açores e para a Madeira.Os
socialistas sugerem que se substitua o sistema atual, que elege 21
deputados a nível nacional para o Parlamento Europeu, pela criação de
círculos em que as Regiões Autónomas elegem, cada uma, dois deputados.Para
o Bloco, isso “tornará o sistema eleitoral para o Parlamento Europeu
altamente desproporcional", com "um círculo no continente, que, para
eleger um deputado, terá que ter 400.000 votos, e, no caso dos Açores e
da Madeira, serão necessários 100.00 votos”, o que "traz problemas para a
democracia”.