BE/Açores propõe proibir apoios públicos a unidades hoteleiras com mais de 30 camas
10 de nov. de 2021, 15:40
— Lusa/AO Online
“Já apresentámos, em anos
anteriores, uma proposta para que projetos com oferta de mais de 30
camas não possam receber apoios públicos e vamos reapresentar isto agora
no Plano e Orçamento. Parece-nos que, até ao documento final do
Programa de Ordenamento Turístico da Região Autónoma dos Açores
(POTRAA), estar instituído e publicado, temos o dever de fazer alguma
coisa”, avançou, em declarações à Lusa, a deputada Alexandra Manes.A
parlamentar do BE falava, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, à
margem de uma visita à Quinta do Martelo, uma unidade de turismo em
espaço rural, salientando que o POTRAA foi publicado em 2008, mas
está “parcialmente suspenso” desde 2010.“O
que está a haver é uma total desregulação neste setor, o que faz com
que sejam feitos grandes empreendimentos, grandes unidades hoteleiras,
que não correspondem àquela que é a imagem que nós queremos ter”,
apontou.O documento está já em revisão
mas, enquanto não for implementado, a região não tem um instrumento que
“regule o número de camas e o tipo de unidades turísticas” adequados a
cada ilha, alertou a deputada.“Vamos ter a
total desregulação deste setor e não o podemos aceitar. O Bloco já há
muitos anos que batalha por isto e não o podemos aceitar de maneira
nenhuma”, frisou.Segundo Alexandra Manes, a
suspensão do POTRAA pode colocar em causa os galardões atribuídos aos
Açores e a sustentabilidade do turismo na região.“Este
turismo que está a ser implementado na nossa região não é um turismo
sustentável, não é um turismo que se adeque às nossas características e
especificidades muito próprias e às distinções com que temos sido
galardoados internacionalmente”, afirmou, dando como exemplo as
distinções da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura (Unesco).Para a deputada bloquista, “não se entende” que o documento esteja à espera de revisão há mais de 10 anos.“Se
este POTRAA continuar a demorar tanto, o que poderá acontecer é que
quando estiver pronto já não haja nada para regular, porque entretanto
vão sendo construídas cada vez mais unidades hoteleiras de grandes
grupos económicos, que geram milhões, mas a riqueza não fica nos
Açores”, reforçou.Alexandra Manes defendeu
que o turismo da região deve assentar em unidades como a que visitou
hoje, com “um número limitado de camas” e “em contacto permanente com a
natureza”.“Esta é uma daquelas unidades
hoteleiras que nós entendemos como aquela que deve ser valorizada e como
aquela que se adequa mais às especificidades da nossa região”,
sublinhou.A proposta do BE será
apresentada na Assembleia Legislativa dos Açores, no âmbito da discussão
do Plano e Orçamento da Região para 2022, que terá início em 22 de
novembro.A iniciativa já foi chumbada no
passado, mas com uma nova composição do Parlamento açoriano desde 2020,
com oito partidos representados, o Bloco espera outro desfecho.“Se forem coerentes, há mais chances desta proposta passar”, avançou Alexandra Manes.