BE/Açores propõe criação de rede de creches e ATLs na zona oeste da ilha Terceira
18 de jul. de 2019, 09:12
— Lusa/AO Online
“Se tivermos mais oferta
educativa, complementada por esta educação extra-escolar, estamos em
crer que estas freguesias poderão também, além de não sofrerem esse
despovoamento, terem uma maior dinâmica social e comunitária. Isso fará
com que os pais comecem a ver a freguesia como algo com vida própria e
não somente como um lugar onde vão dormir”, afirmou o deputado do BE
Paulo Mendes.O parlamentar falava à margem
de uma reunião com pais da freguesia das Cinco Ribeiras, no concelho de
Angra do Heroísmo, que entregaram uma petição na Assembleia Legislativa
da Região Autónoma dos Açores a reivindicar a manutenção da
infraestrutura, depois de lhes ter sido sugerido o seu encerramento pela
unidade orgânica, no início deste ano letivo, face ao baixo número de
alunos. No próximo ano letivo, a escola
deverá manter-se aberta, com cerca de uma dezena de alunos no primeiro
ciclo (sem contar com o pré-escolar), mas os encarregados de educação
temem um encerramento futuro.Segundo Paulo
Mendes, entre as freguesias de São Bartolomeu e Altares (sete), na zona
oeste da ilha Terceira, existe apenas uma freguesia com oferta de
creche e ATL (Santa Bárbara) e as vagas estão todas preenchidas.“São
duas valências que são muito importantes para viabilizar uma escola do
primeiro ciclo e para viabilizar a vida comunitária de uma freguesia”,
sublinhou.Nesse sentido, o BE vai entregar
um projeto de resolução na Assembleia Legislativa dos Açores que
recomenda que o Governo Regional, liderado pelo socialista Vasco
Cordeiro, “crie uma rede de creches e ATL entre as freguesias de São
Bartolomeu e Altares, provida da necessária rede de transporte coletivo
de crianças”.O deputado do BE, natural da
freguesia das Cinco Ribeiras, defendeu que o objetivo é “evitar os
fenómenos de despovoamento e de conversão de algumas freguesias como
dormitório” a que se tem vindo a assistir na ilha Terceira.O
presidente da Junta de Freguesia das Cinco Ribeiras (PSD) e primeiro
subscritor da petição, Luís Leal, garantiu que “o assunto não está
esquecido pela população” e reiterou a importância da manutenção da
escola e da criação de uma rede de ATLs.“Uma
escola numa freguesia dá vida à freguesia. Hoje em dia, sabe-se que as
vidas familiares mudaram. O pai e a mãe trabalham e têm dificuldade em
manter os miúdos ocupados até à hora de regressarem a casa. Aqui na
freguesia ainda há alguns avós que vêm buscar os netos, mas sabemos que é
sempre difícil acompanhar e basear-se só nos avós. É uma iniciativa
muito interessante, porque era uma forma de fixar mais os jovens”,
salientou.Segundo o autarca, se o número
de crianças até aos 10 anos que residem na freguesia, mas estudam
noutras escolas com ATL, regressassem à escola das Cinco Ribeiras, o
número de alunos duplicaria. “Sabemos que
há muitas crianças que não estão na escola das Cinco Ribeiras, mas
reconheço que os pais têm de dar condições de segurança aos miúdos até à
hora de os irem buscar, daí irem para escolas e ATLs citadinos”,
apontou.Também Cláudia Silva, mãe de uma
das crianças que ingressam no primeiro ano do ensino básico em 2019 na
escola das Cinco Ribeiras, defendeu que a criação de um ATL seria a
“solução ideal” para manter ou até aumentar o número de alunos da
infraestrutura.“A maior parte das pessoas
que eu conheço com filhos com a idade da minha ou um pouco mais velhos
dizem que não os têm na escola das Cinco Ribeiras por falta de ATL,
porque os horários de saída são complicados”, avançou.Segundo
a encarregada de educação, os ATLs mais próximos (Santa Bárbara e São
Mateus) têm “lista de espera” e a escola das Cinco Ribeiras tem
condições físicas para acolher esta valência.Cláudia Silva frisou, por outro lado, que o número baixo de alunos não tem condicionado a aprendizagem, “antes pelo contrário”.“O
que tem mostrado até hoje é que os resultados têm sido muito bons. A
minha filha diz que gosta da escola e nunca chorou para não vir para a
escola”, salientou.