BE/Açores preocupado com demora na reabertura de serviços do hospital de Ponta Delgada
3 de set. de 2024, 12:35
— Lusa/AO Online
“Nós
estamos muito preocupados com a demora na reabertura de muitos serviços
do hospital”, disse o líder do BE açoriano, António Lima, no final
de uma reunião com a Ordem dos Médicos dos Açores, no âmbito dos
contactos que o partido tem realizado após o incêndio no Hospital do
Divino Espírito Santo (HDES).O HDES, o
maior hospital dos Açores, localizado em Ponta Delgada, na ilha de São
Miguel, foi afetado por um incêndio no dia 04 de maio, que obrigou à
transferência de todos os doentes internados para outras unidades de
saúde, incluindo para fora da região.O
Governo Regional decidiu instalar um hospital modular,
que começa a funcionar hoje mas, para o dirigente do BE/Açores, esta não
é a melhor solução.“Até estar em pleno
funcionamento ainda demorará alguns meses e temos dificuldade em
compreender o porquê de muitos dos serviços do hospital não reabrirem
totalmente”, afirmou.António Lima admitiu
que o processo de reabertura dos serviços “iria sempre demorar algum
tempo”, mas considerou que faltam explicações do executivo de coligação
liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro.Em
julho, o BE questionou o Governo Regional por escrito sobre a
reabertura dos serviços que continuam encerrados no HDES, como bloco
operatório e cuidados intensivos, mas “faltam as respostas”.Disse ainda que não há respostas sobre “questões fundamentais” como as cirurgias que estão a ser adiadas. “A
verdade é que (…) há cirurgias prioritárias a serem realizadas, mas há
outras que não são prioritárias, que não estão a ser. O problema é que,
não sendo na altura que é devida, elas passarão a ser cirurgias urgentes
e terão um impacto sério na saúde e na vida das pessoas que estão à
espera”, justificou.Para o líder do BE
açoriano, “é fundamental conhecer esses números [das cirurgias] e é
fundamental reabrir o máximo possível de serviços [do HDES] o mais
rapidamente possível”.Também referiu que o
presidente do Governo Regional estará esta tarde, pelas 17:00 locais,
no hospital modular, a assinalar a abertura da urgência, “que foi
anunciada como um serviço de urgência pleno e, afinal, é apenas um
serviço para situações não urgentes”.“O
presidente do Governo [Regional] devia começar por explicar porque é que
disse uma coisa em julho e agora concretiza outra totalmente diferente.
Aquilo que a população esperava era um serviço de urgência em pleno
funcionamento”, declarou.Bolieiro admitiu
em julho que as urgências do hospital modular deveriam abrir até final
de agosto e assegurou que aquele edifício vai garantir uma
“transitoriedade de excelência” enquanto decorrem as obras no HDES.Sobre
o estado geral do Serviço Regional de Saúde nos Açores, António Lima
disse aos jornalistas que existem “preocupações sérias” com a saída de
médicos.“Do hospital de Ponta Delgada
saíram 16 médicos especialistas no ano passado. (…) Do hospital de Angra
[do Heroísmo] não houve saída de especialistas, mas é um hospital que
tem 46 médicos tarefeiros para 107 médicos especialistas do quadro, que é
uma média de cerca de 30%, o que é extremamente grave”, assinalou.Na
sua opinião, o hospital de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, “está
cada vez mais dependente de médicos que não são do quadro, [que] não
darão a mesma resposta nem a estabilidade ao serviço”.“Isso
é preocupante, para além de ser muito mais caro. O hospital de Angra
fez num ano mais de 90 contratos por ajuste direto com médicos
tarefeiros. Gastou milhões em médicos tarefeiros que poderiam servir
para (…) incentivos à fixação de médicos na região”, defendeu.