BE/Açores pede explicações ao Governo Regional sobre serviços de assessoria com empresa
11 de jan. de 2023, 15:14
— Lusa/AO Online
Em
comunicado, o BE refere que o “único trabalhador” da empresa “é o
próprio gerente, que é também sócio maioritário e apresenta-se
publicamente como ‘consultor do secretário regional da Saúde’ e como
‘coordenador do Plano Regional de Saúde’”. “O
contrato, assinado em dezembro de 2022, equivale a um rendimento mensal
de 5.500 euros durante três anos, podendo constituir uma forma de
contornar as regras e os limites que a lei impõe às nomeações para os
gabinetes dos membros do Governo Regional”, lê-se na nota do BE, que
enviou um requerimento sobre o assunto ao parlamento dos Açores.O
BE solicita “todos os detalhes do concurso público que levou à
assinatura deste contrato, nomeadamente o caderno de encargos, e que
outras empresas apresentaram proposta”.Segundo
o BE/Açores, “antes da assinatura deste contrato de 198 mil euros foram
celebrados outros dois contratos por ajuste direto com a mesma empresa,
ou seja, envolvendo a mesma pessoa, um no valor de 23.520 euros e outro
no valor de 74.715 euros, neste caso um valor muito próximo do limite
legal para ajuste direto, ambos já com o atual Governo Regional
[PSD/CDS-PP/PPM] em funções”.O Bloco de
Esquerda pede ainda cópia da carta convite enviada à Atlimeds e a lista
das outras empresas que foram convidadas a apresentar uma proposta, “no
cumprimento dos procedimentos legais exigidos para um ajuste direto”.“Apesar
de, legalmente, o contrato em vigor ter sido celebrado com a empresa, o
seu gestor não só se apresenta publicamente como ‘consultor do
secretário regional da Saúde’ e ‘coordenador do Plano Regional de
Saúde’, como, sabe o Bloco, tem um endereço de correio eletrónico no seu
nome com o domínio do Governo Regional dos Açores”, é ainda referido no
comunicado.De acordo com o BE/Açores, o
contrato em vigor “refere a prestação de serviço de assessoria
presencial de 120 horas por mês e prevê que os custos com deslocações e
estadias no âmbito da prestação dos serviços contratados sejam pagos
pela secretaria regional da Saúde e não estão incluídos nos 198 mil
euros do contrato”.Para o Bloco, “tudo
aponta para condições que são normalmente associadas ao trabalho de um
assessor de gabinete de um membro do governo, à exceção do salário, que é
de 5.500 euros mensais, ou seja, superior ao do próprio secretário
regional da Saúde e ao nível do presidente do Governo Regional dos
Açores”.