BE/Açores diz que Serviço Regional de Saúde está “bloqueado” mas executivo rejeita
15 de jan. de 2025, 15:47
— Lusa/AO Online
“O
Serviço Regional de Saúde está bloqueado, bloqueado por um Governo
[Regional] que o conduz por um caminho perigoso”, disse hoje o deputado
e líder do BE açoriano António Lima, numa declaração política na sessão
legislativa de janeiro do parlamento regional, na Horta (Faial).Para
António Lima, é urgente uma política para o SRS “que coloque o seu
desenvolvimento no centro das prioridades políticas dos Açores”.“Só
assim o SRS cumprirá no futuro o seu objetivo: garantir o acesso a
serviços de saúde de qualidade a todas as pessoas”, admitiu.Na
intervenção, o parlamentar único do BE perguntou se o SRS se tem
modernizado e se tem sido capaz de responder às necessidades atuais da
população e às especificidades dos Açores, respondendo de seguida que
“não”.“O SRS tem sido alvo de
desinvestimento, subfinanciamento crónico e ausência de modernização
técnica e organizacional. Assiste-se a uma mera gestão diária dos
problemas, quando era necessário uma verdadeira estratégia de futuro”,
admitiu.Segundo o deputado bloquista, “o
palavrão 'subfinanciamento' pouco dirá à maioria das pessoas, mas é uma
das causas dos problemas do SRS”, que “leva a que não se invista, não se
modernize, e a que não se pague aos trabalhadores o que se deve,
desmotivando-os”.Considerando que “há um
Governo [Regional] resignado e alheado dos problemas da saúde”, António
Lima reconheceu que o incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo
(HDES), de Ponta Delgada, “foi um forte revés no SRS e no acesso à
saúde” na região.Às críticas do BE
juntaram-se as do PS, com o deputado José Toste a afirmar que a saúde
nos Açores “teve em 2024 a maior degradação”, para a qual contribuiu o
incêndio no HDES.Contudo, acrescentou,
esse “não é o motivo único” para a degradação, com um SRS em “situação
calamitosa” e que deve merecer um debate alargado.Pelo Chega, José Pacheco considerou a situação da saúde nos Açores como “uma vergonha”.“A saúde continua má. […] Enquanto se gastam rios de dinheiro na SATA, há pessoas que não têm acesso à saúde”, salientou.Já
Nuno Barata (IL) voltou a defender “um plano aturado, sério de controlo
da despesa pública”, devendo a saúde ser “uma prioridade”.“Só há uma forma de alocar recursos à saúde, [que é] retirando fundos de outro lado qualquer”, argumentou.Por
sua vez, a deputada Salomé Matos (PSD) lamentou que o BE tenha optado
por fazer uma declaração política que “só vem deitar abaixo” o SRS.Também
a secretária regional da Saúde e da Solidariedade Social, Mónica Seidi,
lamentou não ouvir “um único contributo dos partidos da oposição” e
rejeitou as críticas.“Não posso dizer que
está tudo bem, porque naturalmente não está tudo bem, mas que está
melhor do que aquilo que encontrámos, não tenho a menor dúvida”, disse.Mónica
Seidi referiu ainda que, apesar de a oposição considerar que a
atividade assistencial nos Açores é o caos, o PS “não conseguiu arranjar
uma alternativa para o HDES” e agora critica a opção tomada com a
instalação de um hospital modular devido ao incêndio que atingiu a maior
instituição da região.Quanto a
investimento no SRS, Mónica Seidi lembrou que o executivo PSD/CDS-PP/PPM
herdou equipamentos obsoletos e, desde 2020, já investiu 2,8 milhões de
euros em equipamentos no HDES, 2,2 milhões de euros no hospital de
Santo Espírito da ilha Terceira e 1,2 milhões de euros no hospital da
Horta (a que acresce o aparelho de ressonância magnética).“Há
um forte investimento no SRS e irá continuar a existir”, garantiu a
governante, lembrando que foram os investimentos realizados pelo atual
executivo que permitiram que passassem a ser feitas cirurgias
cardiotorácicas no HDES, evitando o envio de doentes para fora da
região.